Comunidades rurais do semiárido nordestino estão vivendo uma transformação positiva graças ao projeto Paisagens Alimentares, coordenado pela Embrapa Alimentos e Territórios Alagoas e financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O programa valoriza ingredientes locais e promove o turismo sustentável, impactando milhares de moradores na região.
Empoderamento feminino e valorização da cultura alimentar
As mulheres têm liderado as ações nas comunidades participantes, assumindo papéis de destaque na organização de atividades e na produção de alimentos tradicionais, como artesanato, gastronomia e turismo. Uma dessas lideranças é Natália Costa Neto, conhecida como Nat, que integrou a Associação das Mulheres Empoderadas de Terra Caída, em Sergipe. Aos 41 anos, ela ganhou recentemente o prêmio Mulher de Negócio na categoria Microempreendedora Individual, graças às ações que incrementaram a renda local, como o hambúrguer de carne de aratu, um caranguejo típico da região.
“O projeto me fez vender mais, aprender a calcular o preço, agregar valor ao meu produto. Agora, o turista leva para casa ou consome na comunidade, ajudando nossa economia”, destacou Nat à Agência Brasil.
Impulsionando produtos tradicionais e turismo sustentável
Além do hambúrguer de aratu, residentes da comunidade passaram a produzir biscoitos de capim santo, geleias de mangaba, cocadas, compotas, bolos, pudins e frutos do mar, ampliando as fontes de renda. Segundo ela, a orientação da Embrapa facilitou a inovação na produção e na comercialização desses ingredientes, fortalecendo a cultura local e atraindo visitantes.
Na região de Palmeira dos Índios, em Alagoas, a iniciativa contribui para a valorização da biodiversidade e do artesanato, promovendo uma identidade alimentar rica e sustentável. “Com o conhecimento da Embrapa, aproveitamos melhor a caatinga e preservamos nossas árvores nativas”, explicou uma representante local.
Ampliação do turismo e preservação do patrimônio
O projeto também valoriza o potencial turístico de comunidades inseridas em áreas de reforma agrária e com forte presença histórica e cultural, como o assentamento Nova Esperança, em Alagoas, e o assentamento Olho D’Água do Casado, em Sergipe. A iniciativa promove visitas, oficinas e intercâmbios que aproximam moradores e visitantes, despertando o orgulho pela produção local.
Segundo Ana Paula Ferreira, coordenadora em Palmeira dos Índios, o projeto reforçou a importância de mostrar o cotidiano dos agricultores e valorizar a agricultura familiar. “Queremos que o mundo reconheça nossa cultura e o trabalho de quem planta e colhe”, afirmou.
Protagonismo feminino e conexão cultural
A liderança de mulheres é uma característica marcante na região, com muitas delas coordenando associações, conduzindo trilhas turísticas e estimulando a produção artesanal. Uma forte conexão cultural também foi evidenciada pelo estudo do prato funje, presente em comunidades quilombolas e de origem angolana, reforçando as raízes africanas nas tradições culinárias locais.
O projeto Paisagens Alimentares demonstra que, ao valorizar ingredientes e saberes locais, é possível promover o desenvolvimento sustentável, fortalecer identidades culturais e gerar renda, criando um impacto duradouro na vida das comunidades do semiárido nordestino.
Para mais informações, acesse o link da Agência Brasil.