A Petrobras e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) iniciam neste domingo (24/8) a avaliação pré-operacional (APO) no bloco marítimo FZA-M-59, localizado na Bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial. Essa etapa é crucial para a obtenção da licença ambiental necessária para a exploração de petróleo na região, que promete ser uma nova fronteira de produção, embora suas atividades gerem preocupações ambientais.
A importância da avaliação pré-operacional
A avaliação pré-operacional é um simulado abrangente de emergência, essencial para validar o plano de resposta a incidentes antes que a perfuração real de poços comece. A Petrobras agendou essa avaliação após meses de negociações com o Ibama, responsável por conceder licença ambiental. O LABORATÓRIO deve durar de três a quatro dias, dependendo das condições. Este simulado é considerado um passo crítico, pois a Margem Equatorial possui ecossistemas sensíveis que podem ser afetados pela exploração de petróleo.
A Margem Equatorial é vista pela indústria do petróleo como nova fronteira de exploração, com gigante potencial de produção. O bloco marítimo FZA-M-59 fica em águas profundas, a 175 quilômetros da costa do Oiapoque, no Amapá.
Preparações para o simulado
Com a sonda NS-42 posicionada no poço Morpho 1-APS-57 desde o dia 18 de agosto, a Petrobras está mobilizando uma estrutura robusta para garantir a realização eficaz da APO. O exercício envolverá mais de 400 pessoas, com a presença de diversos equipamentos e estruturas, incluindo:
- uma sonda;
- três helicópteros;
- seis embarcações equipadas para contenção e recolhimento de óleo;
- um avião;
- duas unidades de atendimento à fauna;
- seis embarcações para resposta à fauna.
A Petrobras destaca que mais de 100 profissionais estarão dedicados à proteção animal, incluindo médicos veterinários e biólogos. As simulações testarão a eficácia dos planos de emergência contra derramamentos de óleo, desde a agilidade na resposta até a comunicação com autoridades competentes.
A Margem Equatorial como nova fronteira de exploração
A Margem Equatorial vem se destacando nos últimos anos por seu potencial exploratório, com recentes descobertas de petróleo nas costas da Guiana, Guiana Francesa e Suriname. No Brasil, essa área se estende do Rio Grande do Norte até o Amapá. A Petrobras possui alguns poços autorizados, mas atualmente espera a licença do Ibama para prosseguir com a exploração na Bacia da Foz do Amazonas.
Em maio de 2023, o Ibama já havia negado a licença para a Petrobras explorar outras áreas, levando a empresa a solicitar uma reconsideração.
Entidades do governo, incluindo o Ministério de Minas e Energia, defendem a liberação dessa licença, argumentando que é essencial para a autossuficiência energética do Brasil. A espera pela licença está custando à Petrobras cerca de R$ 4 milhões por dia.
Reações e preocupações ambientais
Por outro lado, a sugestão de exploração na Margem Equatorial encontra resistência de grupos ambientalistas, que expressam preocupações sobre os impactos que a atividade pode ter na biodiversidade da região. Além disso, há um debate crescente sobre a necessidade de transição energética, que busca reduzir a dependência de combustíveis fósseis em favor de fontes de energia renováveis.
A Petrobras, no entanto, argumenta que a exploração na Margem Equatorial é crucial para evitar futuras importações de petróleo e garantir a segurança energética do país. A empresa enfatiza que a área está localizada a 540 quilômetros da foz do rio Amazonas, residentes nas proximidades da operações.
Em resposta às preocupações, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) recomendou que mais estudos sejam realizados antes de conceder licenças para perfurações, destacando a necessidade de uma abordagem cautelosa e bem fundamentada para a exploração de petróleo na região.
Com o simulado marcado para esse domingo, fica evidente que o futuro da exploração na Margem Equatorial será cercado de expectativas e controvérsias, reforçando a importância de um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental.