O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira que o país está conduzindo uma “grande investigação tarifária sobre móveis que entram no país”, preparando o caminho para a imposição de tarifas específicas ao setor. A investigação deve ser concluída em até 50 dias, e, até lá, móveis vindos de outros países poderão ser tarifados com taxas ainda a serem determinadas.
Investigações e impactos no setor moveleiro
Segundo Trump, a medida visa revitalizar os fabricantes domésticos de móveis nos Estados Unidos. “Nos próximos 50 dias, essa investigação será concluída e os móveis vindos de outros países para os EUA serão tarifados a uma taxa ainda a ser determinada”, afirmou em postagens nas redes sociais. A ação faz parte de uma série de investigações que o Departamento de Comércio dos EUA realiza nesta década, incluindo setores como energia, semicondutores e aeronaves.
As ações de grandes varejistas de móveis sofreram forte queda após o anúncio. A Wayfair recuou até 10%, a RH caiu 9,9%, enquanto a Arhaus despencou 7,7%. Em contrapartida, a La-Z-Boy, que produz principalmente na América do Norte, registrou alta de até 3,7%. A Ethan Allen Interiors também teve valorização após o anúncio.
Contexto e repercussões internacionais
Trump ainda não especificou como a investigação está sendo conduzida, mas um funcionário do governo revelou que ela está sendo liderada pelo Departamento de Comércio, no âmbito da Seção 232 da Lei de Expansão do Comércio, que permite tarifas sobre bens considerados essenciais para a segurança nacional. A investigação começou em 10 de março e o secretário de Comércio deve apresentar os resultados em até 270 dias, embora a decisão final possa ficar para além deste prazo.
O anúncio reforça a intenção do governo americano de aplicar tarifas a diversos setores, incluindo farmacêuticos, semicondutores, minerais críticos e caminhões médios. Na semana passada, o governo iniciou uma outra investigação relacionada à energia eólica, setor frequentemente criticado por Trump.
Brasil na mira e exportações brasileiras de móveis
Apesar de o anúncio não citar países específicos, o Brasil figura entre os possíveis afetados. As exportações brasileiras de móveis para os EUA somaram US$ 249,6 milhões no ano passado, com grande parte produzida na região de Santa Catarina, incluindo cidades como São Bento do Sul, Campo Alegre e Rio Negrinho. No primeiro semestre de 2025, as compras de móveis pelos americanos atingiram US$ 39,19 milhões.
O Brasil tem sido alvo de apoio de associações americanas, que defendem a manutenção de boas relações comerciais diante das investigações. No entanto, especialistas alertam que as tarifas podem gerar dificuldades ao setor moveleiro brasileiro, que busca manter sua participação no mercado externo.
Perspectivas futuras
O governo americano afirma que, após a conclusão da investigação, decidirá sobre a aplicação de tarifas, o que pode impactar significativamente o comércio internacional de móveis. A medida se soma a uma lista crescente de setores sob ameaça de tarifas, incluindo aço, alumínio, cobre e automóveis, ampliando o clima de incerteza no comércio global.
Mais detalhes sobre as ações e os possíveis desdobramentos podem ser acompanhados na fonte original: O Globo.
