O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira que vai demitir Lisa Cook do Conselho de Governadores do Federal Reserve (Fed) se ela não renunciar. A declaração ocorre após acusações de fraude hipotecária contra a diretora, que também está sob investigação pelo Departamento de Justiça americano.
Pressão política e acusações de fraude
Trump revelou a jornalistas que irá demitir Lisa Cook, nomeada pelo presidente Joe Biden em 2022, caso ela não deixe o cargo de forma voluntária. “Vou demiti-la se ela não renunciar”, declarou o ex-presidente, em mais um episódio de tentativa de influenciar a política do Fed. Segundo documentos enviados por William Pulte, presidente da Agência Federal de Financiamento Habitacional (FHFA), Lisa teria falsificado documentos para obter condições de empréstimo mais favoráveis, ato que, no seu entendimento, configuraria fraude hipotecária.
Contexto e impacto na autonomia do Fed
A legislação americana permite a demissão de membros do conselho do Fed por motivos relevantes, mas a nomeação de Lisa, primeira mulher negra a integrar o órgão, mantém seu mandato até 2038, salvo uma renúncia ou decisão do Conselho de Administração. Caso deixe o cargo, Trump ganharia maior influência na composição do conselho, já que já nomeou três dos sete membros.
Reações e possíveis desdobramentos
Críticos alertam que a retirada de Lisa Cook poderia comprometer a independência do Fed, especialmente em um momento de acirradas disputas sobre a política monetária. A investigação do Departamento de Justiça, que analisa as acusações de fraude, ainda não resultou em qualquer acusação formal contra Cook, mas alimenta a controvérsia.
No último dia 15, o próprio Pulte enviou carta ao Departamento de Justiça sugerindo a possibilidade de crime por parte da diretora do Fed, enquanto reforçava a pressão pelo afastamento. Lisa, por sua vez, em nota oficial, afirmou que não tem intenção de deixar o cargo “por causa de algumas perguntas levantadas em um tuíte”.
Perspectivas futuras na política monetária
A tentativa de Trump de forçar a saída de Lisa Cook é vista por analistas como uma manobra para ampliar seu impacto na política econômica dos EUA, caso retorne à presidência. O episódio reacende debates sobre a autonomia do Federal Reserve e o grau de influência de interesses políticos nas suas decisões.