Segundo análise do Congressional Budget Office (CBO), as tarifas de importação adotadas pelo governo dos Estados Unidos podem reduzir o déficit total do país em até US$ 4 trilhões até 2035. No entanto, esses benefícios fiscais podem vir acompanhados de prejuízos em investimentos, produtividade e no poder de compra das famílias e empresas americanas.
Impacto das tarifas na economia e nas contas públicas
O relatório do órgão independente do Congresso destaca que os recursos arrecadados com as tarifas ajudarão a diminuir o déficit primário em US$ 3,3 trilhões até 2035, além de reduzir gastos com juros em cerca de US$ 700 bilhões, totalizando um impacto de US$ 4 trilhões no período.
“Devido às recentes mudanças nas tarifas, essas estimativas são maiores do que a redução inicial de US$ 2,5 trilhões nos déficits primários e de US$ 500 bilhões nos gastos com juros”, aponta o CBO.
Consequências negativas para a economia americana
Apesar do impacto positivo na redução da dívida, o mesmo relatório alerta que as tarifas elevarão o custo de bens de consumo e de capital, reduzindo o poder de compra das famílias e das empresas. “Os efeitos negativos de tarifas mais altas se manifestam na diminuição dos investimentos e da produtividade”, afirma o documento.
O órgão estima que a tarifa efetiva sobre produtos estrangeiros nos EUA está atualmente 18 pontos percentuais acima das taxas praticadas em 2024. Os produtos de diversos países encontram-se com tarifas elevadas, incluindo a China (30%), México (25%), Canadá (35%) e União Europeia (15%). Além disso, itens como automóveis, aço, alumínio e cobre enfrentam tarifas de até 50%.
Ganho na arrecadação e projeções futuras
De janeiro a julho, o Tesouro dos EUA arrecadou US$ 136 bilhões em direitos aduaneiros, valor que já ultrapassa a arrecadação prevista para todo o ano fiscal de 2025, estimada em US$ 80 bilhões. O CBO projeta que, se as tarifas permanecerem inalteradas, os direitos aduaneiros podem chegar a US$ 200 bilhões neste período, embora com certa incerteza devido a variações no momento da implementação dessas tarifas.
Tarifa de 50% contra o Brasil e tarifas recíprocas
Apesar de o documento não citar especificamente o Brasil, informa que as tarifas incidindo sobre produtos importados variam atualmente entre 10% e 50%, dependendo do país e do setor. Recentemente, Trump assinou decreto oficializando tarifa de 50% contra produtos brasileiros, além de aplicar tarifas de até 50% em aço e alumínio e 30% na China e Hong Kong.
O relatório aponta que os aumentos nas tarifas têm ajudado a elevar a arrecadação, mas adverte que esses ganhos podem impactar negativamente a economia. “Se não houver mudanças nas alíquotas, os direitos aduaneiros poderão fechar o ano fiscal com aproximadamente US$ 200 bilhões em receitas”, afirma o CBO.
Perspectivas futuras
O órgão do Congresso estima que novas tarifas continuarão influenciando a arrecadação e a economia americana, entretanto ressaltando a necessidade de equilibrar os benefícios fiscais com os efeitos prejudiciais na produtividade e no consumo interno. O governo dos EUA confirmou que continuará avaliando as medidas adotadas para ajustá-las conforme a evolução do mercado internacional.