A audiência do Papa Francisco com os membros da Rede Internacional de Legisladores Católicos, realizada no último sábado, 23 de agosto, no Vaticano, trouxe à tona uma mensagem profunda e reflexiva durante o 16º encontro anual da entidade, que coincide com o Jubileu da Esperança. Com o tema “A nova ordem mundial: as políticas das grandes potências, o domínio das multinacionais e o futuro da prosperidade humana”, o Pontífice enfatizou a necessidade de se construir pontes entre a Cidade do Homem e a Cidade de Deus.
A urgência de uma nova visão política
O discurso do Papa Francisco ressoou como um eco da sabedoria de Santo Agostinho, que é mencionado como uma “figura imponente” na busca por uma sociedade mais justa em tempos de convulsões sociais. O Pontífice expressou sua preocupação com as rotas que a sociedade moderna está seguindo, caracterizadas por um aumento do orgulho e da busca incessante por poder. Ele ressaltou a importância de recordar os valores fundamentais que devem nortear a política e a vida pública: justiça, caridade e humildade.
“Estamos dando passos em um mundo que parece cada vez mais afastado dos princípios que sustentam o bem-estar humano”, disse o Papa. Ele no lembrou que a busca por um mundo onde cada pessoa possa viver em paz e liberdade é uma responsabilidade compartilhada entre todos os cidadãos, especialmente aqueles que ocupam cargos de liderança.
Desafios contemporâneos
A avaliação das condições de vida no mundo contemporâneo foi um dos pontos principais abordados pelo Santo Padre. Ele advertiu que a ideia de prosperidade, frequentemente ligada à riqueza material, é insuficiente. “O que não podemos ignorar é que há um crescimento da solidão e do desespero naquelas sociedades que possuem muito em termos de bens materiais. Esta realidade nos leva a um questionamento profundo sobre o que significa de fato ter uma vida próspera”, ponderou.
O Papa enfatizou que o autêntico florescimento humano é resultado de um desenvolvimento integral, que considera a dimensão física, social, moral e espiritual do ser humano. Essa perspectiva amplia a visão de sucesso e prosperidade, indo além do mero acúmulo de bens.
Viver em unidade e solidariedade
Em sua mensagem, o Papa Francisco citou a importância de criar comunidades saudáveis, onde o foco não seja apenas no que se possui, mas no que se é enquanto filhos de Deus. Essa compreensão está enraizada em uma lei moral que transcende o individualismo e busca, verdadeiramente, a dignidade humana. “Precisamos reaprender a viver em solidariedade”, disse o Pontífice, instando cada um a ser um catalisador de bem para a sociedade.
O papel dos legisladores católicos
Dirigindo-se diretamente aos legisladores presentes, o Papa pediu para que eles assumam seus papéis com responsabilidade e compromisso, aplicando em suas decisões os princípios do evangelho no entendimento de que suas posições podem ser uma plataforma para promover mudanças significativas. “Vocês têm a missão de construir pontes entre a Cidade do Homem e a Cidade de Deus”, afirmou, encorajando-os a não se render à mentalidade de que nada pode mudar.
Construir um futuro de esperança
O Papa Francisco concluiu seu discurso com uma bênção final e um apelo por ações concretas que visem ao verdadeiro florescimento da humanidade. Relembrando a importância da “diplomacia da esperança” e de uma política que sirva à dignidade humana, ele ressaltou que é essencial que todos se unam em esforços para uma mudança real e positiva na sociedade.
Ao enfatizar a necessidade de que “o poder seja dominado pela consciência e a lei esteja a serviço da dignidade humana”, o Papa Francisco deixou claro que o caminho para um mundo melhor depende da coragem coletiva de seus líderes e cidadãos. O sonho de uma sociedade mais justa e igualitária é uma tarefa que requer empenho, fé e a escolha constante do amor ao próximo.
Dessa forma, a audiência no Vaticano não apenas destacou os desafios que a sociedade enfrenta, mas também lançou luz sobre a responsabilidade que cada um tem em contribuir para um futuro mais esperançoso, com justiça e paz para todos.
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