A música composta por Antônio Cardoso para a série documental “Povos da Beira D’água” se transforma em um símbolo de esperança para comunidades do Norte de Minas Gerais, refletindo suas lutas e ancestralidade. A iniciativa, que tem como protagonistas as pastorais da Articulação das Pastorais do Campo (APC), traz à luz as vozes de diversos povos que habitam essa região e que, através da arte, buscam a regularização fundiária e o reconhecimento de seus direitos.
A importância da série “Povos da Beira D’água”
A série documental “Povos da Beira D’água” é uma realização conjunta da APC, que reúne organizações como a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O objetivo é registrar a resistência e a identidade dos povos tradicionais, que lutam por seus direitos em face a desafios como a grilagem de terras e a exploração dos seus recursos naturais.
Ao todo, a série é composta por cinco reportagens que abordam diferentes comunidades e suas batalhas específicas, evidenciando o contexto de luta e resistência que envolve a sua forma de vida.
A canção de Antônio Cardoso
A trilha sonora desempenha um papel essencial na série, com destaque especial para a composição de Antônio Cardoso. Inicialmente, ao ser contatado para fornecer apenas um solo de violão, Cardoso foi tocado pelas histórias das comunidades, que evocaram suas memórias e inspirações, levando-o a criar uma canção completa. A letra, descrita como uma verdadeira oração, encapsula tanto a dor da violação de direitos quanto a beleza da ancestralidade, tornando-se um hino que ecoa a força e a esperança dos povos tradicionais.
Uma obra coletiva e plural
Além de Cardoso, a trilha sonora é enriquecida por composições de outros talentos, como André Luiz Souza e Ewerton de Oliveira. Ewerton traz solos de piano que acentuam a mensagem de resistência e denúncia de violência vivida por essas comunidades, enquanto Zé Pinto incorpora a sonoridade da cultura local com acordes de viola que celebram a vida das comunidades que praticam a agroecologia.
Histórias de luta nas comunidades do Norte de Minas
As cinco reportagens da série abordam as distintas realidades dessas comunidades. Conheça cada um dos episódios:
- Comunidade de Cabeceiras (Itacarambi/MG): Retrata a vida de 30 famílias que lutam pela preservação do seu modo de vida às margens do Rio São Francisco.
- Comunidade de Croatá (Januária/MG): Uma narrativa marcada por séculos de luta e resistência contra a violência e a exclusão.
- Comunidade de Caraíbas (Pedras de Maria da Cruz/MG): Reflete a relação sagrada com a natureza e as águas do São Francisco.
- Comunidade Quilombola de Gameleira (Januária/MG): Mostra a resistência cultural e ambiental desses povos frente a pressões externas.
- Comunidade de Canabrava (entre Buritizeiro e Ibiaí/MG): Conta a luta da comunidade pesqueira em busca de segurança e reconhecimento de seus direitos.
Essas narrativas não apenas informam, mas também inspiram a empatia e a ação, ilustrando uma luta contínua por justiça, direitos e reconhecimento na sociedade. A música de Cardoso, que permeia toda a série, é um convite à reflexão sobre a importância da preservação cultural e dos direitos dos povos tradicionais em nosso país.
O clipe da canção “Povos Tradicionais” já está disponível no YouTube, permitindo que mais pessoas tenham acesso a essa mensagem de esperança e resistência.
Com essa produção, a Articulação das Pastorais do Campo não só promove a arte, mas também destaca a necessidade de dar visibilidade a comunidades que têm muito a ensinar sobre a luta e a dignidade humana.