A treinadora e apoiadora de Donald Trump, Jillian Michaels, protagonizou uma crise durante sua participação em um debate na CNN, nesta quarta-feira, 25, ao defender pontos de vista considerados controversos sobre a história racial dos Estados Unidos. A discussão ocorreu em meio a debates sobre mudanças promovidas pelo governo americano na narrativa histórica de museus nacionais e instituições culturais.
Debate acalorado sobre história e cultura dos EUA
Michaels participou de uma mesa redonda na CNN ao lado de comentaristas conservadores e democratas, incluindo Scott Jennings, Ritchie Torres, Julie Roginsky e Elie Honig. O tema central girava em torno das ações do governo Trump na redefinição de certos conteúdos dos museus Smithsonian e do Kennedy Center, com Roginsky criticando a tentativa de alterar a narrativa histórica para agradar a sua base eleitoral, a maioria apoiadora do movimento MAGA.
Durante o debate, Michaels questionou a narrativa de Roginsky sobre a escravidão e o conceito de racismo estrutural. Ela afirmou que “só menos de 2% dos americanos brancos possuíam escravos” e que “a escravidão foi uma prática antiga, com milhares de anos”. Ao lado de Torres, ela contestou a ideia de que a escravidão se tratava de um sistema de supremacia branca, alegando que “tudo é tratado como se fosse uma questão de ‘todos contra os brancos’, o que não é a verdade.”
Reações e controvérsias
Ao ser interrompida por Phillip, Michaels ainda afirmou que “tudo na história é mais complexo do que simplesmente dizer que os brancos oprimiram os negros” e questionou a narrativa de culpa que, na sua visão, é imposta aos brancos na história americana. Ela também criticou a primeira impressão ao entrar no Smithsonian, mencionando a exibição de uma bandeira LGBT+ na entrada e os debates sobre testes de gênero em esportes.
A postura da influenciadora alimentou debates nas redes sociais, com muitos acusando-a de minimizar a violência e a opressão sofridas pelos negros ao longo dos séculos. Especialistas apontam que a declaração reforça narrativas de revisionismo histórico, bastante utilizadas por setores conservadores para negar ou minimizar os efeitos do racismo estrutural.
Impacto e contexto social
Segundo análises de historiadores e estudiosos, a tentativa de relativizar a escravidão e questionar sua relevância na formação do racismo nos Estados Unidos é uma estratégia comum entre os apoiadores do discurso de ódio. “Essa postura reforça a negação do racismo institucional e dificulta políticas de reparação histórica”, afirma Ana Oliveira, professora de história africana na Universidade de São Paulo.
Especialistas também alertam para o risco de protagonismos de figuras públicas em plataformas de grande alcance, como a CNN, contribuírem para a difusão de ideias que alimentam a polarização e o revisionismo histórico.
Perspectivas futuras
A controvérsia levanta questões sobre o impacto de figuras públicas na formação de opiniões e na discussão sobre racismo e diversidade nos Estados Unidos. A repercussão do episódio promete impulsionar debates sobre o papel da mídia na divulgação de narrativas históricas e culturais.