O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira que a fabricante de chips Intel concordou em ceder uma participação acionária de 10% ao governo americano, em uma medida considerada inédita na indústria. O anúncio foi feito na Casa Branca após negociações que tiveram como foco transformar subsídios previstos na Lei dos Chips e da Ciência (Chips and Science Act) em participações acionárias.
Intervenção governamental na Intel e impacto no mercado de semicondutores
Segundo Trump, a Intel aceitou a proposta durante um encontro com o CEO da companhia, Lip-Bu Tan, no início de agosto. O presidente destacou que essa participação é uma estratégia para revitalizar a empresa, que tem perdido vantagem tecnológica para concorrentes. “Eles concordaram em fazer isso, e eu acho que é um ótimo negócio para eles”, afirmou Trump.
A ação surpreende ao marcar uma intervenção direta do governo em uma grande empresa americana, rompendo normas tradicionais que restringem o envolvimento estatal em empresas de capital aberto, salvo em situações de crise ou guerra. As ações da Intel reagiram positivamente, subindo até 6,6% nesta sexta-feira. Segundo fontes, o acordo também visa fortalecer a manufatura doméstica em um momento de tensões globais na cadeia de suprimentos de chips.
Negociações e o papel do governo na indústria de semicondutores
As negociações se concentraram na conversão de subsídios estipulados na Lei dos Chips e da Ciência em participação acionária, forma considerada inovadora. Trump revelou ter sugerido a ideia ao seu interlocutor: “Sabe de uma coisa? Acho que os Estados Unidos deveriam receber 10% da Intel”, e o CEO respondeu que consideraria. Ele acrescentou: “Gostaria que você fizesse isso”.
Autoridades disseram que outras empresas com investimentos crescentes nos EUA, como Taiwan Semiconductor Manufacturing e Micron Technology, não serão obrigadas a entregar participação acionária em troca de financiamento, o que diferencia o acordo com a Intel de outras ações do governo.
Riscos, críticas e o panorama atual
A intervenção do governo na Intel representa um nível de intervenção surpreendente, considerado por analistas como potencialmente perturbador para os mercados financeiros. Porém, o governo avalia que a medida pode garantir benefícios de longo prazo para os Estados Unidos, fortalecendo a cadeia de produção de chips doméstica e impedindo avanços de concorrentes estrangeiros.
Enquanto isso, as ações da Intel continuam em alta, refletindo otimismo do mercado com o acordo. A fabricante de chips tem passado por momentos turbulentos, com investidores preocupados acerca da sua vantagem tecnológica e competitividade. A empresa ainda não comentou oficialmente sobre o anúncio, preferindo aguardar detalhes do acordo.
Perspectivas e próximos passos
O anuncio oficial do acordo deve ocorrer na próxima sexta-feira, quando as partes esperam formalizar a participação do governo e os detalhes do investimento. Especialistas indicam que essa estratégia de intervenção estatal direta pode abrir precedentes para futuras ações semelhantes em outras indústrias estratégicas para os EUA.