Na semana que marcou o retorno a eventos de maior exposição após um período de relativo recolhimento, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi surpreendido na quarta-feira (20) pela divulgação de áudios com ataques do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O teor das mensagens, embora minimizado pelo governador na quinta (21), reacende as especulações sobre a viabilidade de uma possível candidatura à Presidência em 2026, como desejam representantes do Centrão, ou à disputa ao Palácio dos Bandeirantes, fortaleceram por aliados mais próximos.
A manutenção da imagem de Tarcísio
Nesta quinta, durante compromissos no interior do estado, Tarcísio adotou um posicionamento cauteloso, tentando agradar tanto o bolsonarismo quanto o centro político. Em suas declarações, ele reafirmou: “Minha relação com o Bolsonaro vai ser como sempre foi: relação de lealdade, de amizade, de gratidão com uma pessoa que eu entendo fez muito pelo Brasil e fez muito por mim”.
No mesmo dia, a presença de Tarcísio em um jantar oferecido pelo presidente do União Brasil, Antonio Rueda, em Brasília, foi significativa. Embora o evento tenha reunido diversas lideranças políticas e não contado com a presença de familiares do ex-presidente Jair Bolsonaro, a presença do governador reafirma sua posição dentro do jogo político. Criou-se uma expectativa em torno do seu potencial como candidato presidencial para 2026, mas Tarcísio evitou falar sobre o tema.
A estratégia a longo prazo e a reeleição em foco
Os bastidores do Palácio dos Bandeirantes mostram que o senador Tarcísio e seus auxiliares consideram a reeleição como prioridade, já que somente com um novo mandato seria possível implementar seus principais projetos, como as linhas de metrô e a mudança da administração para o Centro de São Paulo. Informações de cunho reservado indicam que o assunto eleição presidencial é considerado ‘proibido’ nos grupos de WhatsApp dos secretários do governador.
Esta estratégia é reforçada pela dificuldade que Tarcísio poderá enfrentar ao competir contra Lula e a máquina federal, além de novos possíveis ataques dos aliados radicais de Jair Bolsonaro, especialmente de Eduardo, cujos comentários incluem críticas à relação do governador com o STF.
A pesquisa e os desafios à frente
De acordo com a última pesquisa Quaest, a rejeição do governador paulista aumentou de 33% para 39%. Em um cenário eleitoral nacional de primeiro turno, ele aparece com apenas 17% das intenções de voto, 18 pontos atrás de Lula, que lidera com 35%. No caso de um segundo turno, os dados mostram um acirramento na disputa, com Lula ficando 43% e Tarcísio com 35%.
Enquanto as especulações sobre suas intenções futuras persistem, o governador, aos poucos, tem se movimentado novamente fora do Palácio. Desde meados de julho, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas contra o Brasil, Tarcísio havia reduzido suas aparições públicas. No entanto, com as críticas diminuindo e a necessidade de fortalecer sua imagem, ele retoma uma agenda mais ativa.
Conexões e a manutenção das relações
Recentemente, Tarcísio participou de uma série de encontros com empresários e influenciadores, como o cantor Latino. Nesses eventos, abordou assuntos que vão desde a atual situação do país até seu tratamento contra o câncer há mais de vinte anos, mostrando um lado mais humano e acessível ao público.
Com a presença de importantes figuras do setor econômico em sua agenda, Tarcísio busca criar novas alianças e fortalecer a percepção de sua liderança. Em um jantar na Fazenda da Boa Vista, por exemplo, os participantes discutiram investimentos públicos e privados, além de política, indicando sua busca por apoio em diferentes áreas.
Reação aos ataques de Eduardo Bolsonaro
No centro da polêmica, Eduardo Bolsonaro fez declarações contundentes, questionando a lealdade de Tarcísio e insinuando que sua relação com o ex-presidente é superficial. Apesar das críticas, Tarcísio optou por não se aprofundar nas declarações de Eduardo e afirmou: “Não vou comentar uma conversa privada de pai para filho”. Esta declaração reflete sua tentativa de manter um tom conciliador, evitando um confronto direto com a ala mais radical do bolsonarismo.
Com um cenário político em constante mudança, Tarcísio de Freitas navega em águas turbulentas, buscando consolidar sua posição, tanto em São Paulo quanto no cenário nacional, enquanto opera sob os olhares atentos de apoiadores e críticos.