A tensão entre Rússia e Ucrânia permanece alta, e nesta sexta-feira, o principal diplomata russo, Sergey Lavrov, confirmou que não há planos para uma reunião entre o presidente Vladimir Putin e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy. A declaração ocorre logo após o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, afirmar que estava organizando uma cúpula entre os dois líderes, o que trouxe novos elementos ao debate sobre a solução do conflito que já dura três anos.
A posição da Rússia e as declarações de Donald Trump
Durante uma entrevista gravada para o programa “Meet the Press” da NBC, Lavrov declarou: “Não há reunião planejada” entre os líderes. O ex-presidente Trump comentou em suas redes sociais que havia conversado com Putin e que estava preparando os arranjos para que eles se encontrassem, com um local ainda a ser definido, se incluindo na mesa como um terceiro participante após a reunião bilateral.
A incerteza cresceu nos últimos dias sobre o comprometimento da Rússia com os esforços de paz liderados pelos EUA, uma vez que funcionários russos levantaram objeções a aspectos fundamentais das propostas em discussão. Lavrov afirmou que Putin estaria disposto a se encontrar com Zelenskyy para discutir os termos da paz, mas somente após que tópicos importantes fossem definidos por altos funcionários, o que pode resultar em um processo de negociação prolongado, dado que as duas partes ainda estão muito distantes em suas demandas.
Demandas de segurança da Ucrânia e as críticas de Zelenskyy
A Ucrânia busca garantias de segurança ocidentais para evitar qualquer ataque russo pós-guerra, e oficiais americanos e europeus estão em uma corrida para elaborar propostas concretas sobre como isso poderia funcionar. Contudo, Lavrov ressaltou que a elaboração de arranjos de segurança para a Ucrânia sem a participação da Rússia seria em vão.
Recentemente, a Rússia lançou um ataque significativo com drones e mísseis, atingindo uma planta eletrônica de propriedade americana na Ucrânia. Zelenskyy criticou a situação, afirmando: “Os russos estão tentando fazer de tudo para evitar a reunião. A questão não é a reunião em si, mas que eles não querem o fim da guerra.” Ele também expressou a necessidade de diminuir o espaço que permite essa evasão e enfatizou que a unidade entre os EUA e a Europa é essencial para esse processo.
Garantias de segurança são prioridade, afirma chefe da NATO
O secretário geral da NATO, Mark Rutte, afirmou que Trump deseja “quebrar o impasse” com Putin e que o envolvimento dos Estados Unidos na oferta de garantias de segurança para a Ucrânia é uma de suas prioridades. Rutte detalhou que as garantias em discussão envolveriam duas camadas: a primeira, a ser realizada após um acordo de paz ou um cessar-fogo a longo prazo, focando em fortalecer as forças armadas ucranianas, e a segunda, envolvendo compromissos de segurança fornecidos pela Europa e pelos EUA.
O alerta da diplomacia europeia sobre possíveis armadilhas
A chefe de política externa da União Europeia, Kaja Kallas, alertou que a possibilidade de a Ucrânia ceder território para a Rússia como parte de um acordo de paz é “uma armadilha” armada pelo presidente russo. Kallas afirmou que as discussões sobre concessões da Ucrânia estão desviando a atenção do fato de que a Rússia não fez qualquer concessão e continua a ser a agressora. Ela afirmou: “A Rússia está apenas ganhando tempo. Está claro que a Rússia não quer paz.”
Atos de retaliação ucranianos e a situação das infraestruturas russas
Enquanto isso, a Ucrânia adota ações retaliatórias contra a Rússia, utilizando armas de longo alcance para atacar infraestruturas que sustentam o esforço de guerra de Moscou. Um dos alvos foi o oleoduto Druzhba, onde a Ucrânia lançou mísseis HIMARS e drones em uma ação coordenada contra a estação de bombeamento de Unecha, na região de Bryansk.
O oleoduto Druzhba transporta petróleo da Rússia através da Bielorrússia e da Ucrânia em direção à Eslováquia e à Hungria. O ataque a esse oleoduto reflete a escalada do conflito e as crescentes tensões, enquanto os preços do gásóleo no atacado na Rússia atingem níveis recordes.
Em um contexto de mudanças contínuas e crescente complexidade na política internacional, a resolução do conflito permanece um desafio, com a comunicação entre os líderes russo e ucraniano se mostrando cada vez mais distante.