Brasil, 22 de agosto de 2025
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Os altos custos do uso de medicamentos para emagrecer

Medicações GLP-1, populares nos EUA, oferecem esperança de perda rápida de peso, mas apresentam riscos físicos e psicológicos graves

Medicações à base de GLP-1 têm conquistado cada vez mais seguidores nos Estados Unidos, transformando-se de tratamentos para diabetes em símbolos de status na busca por corpo perfeito. No entanto, enquanto muitos recorrem a esses medicamentos para emagrecer rapidamente, o lado obscuro dessa prática revela riscos de saúde física e mental.

Riscos físicos e complicações graves

Consultas de emergência têm registrado um aumento na chegada de pacientes com efeitos colaterais relacionados ao uso de remédios para emagrecer. Entre as complicações mais sérias estão a gastroparesia, que prejudica a digestão e causa dores intensas, e episódios de inflamação no pâncreas, uma condição conhecida como pancreatite. Um estudo publicado na JAMA revelou que usuários desses medicamentos têm quase quatro vezes mais chances de desenvolver gastroparesia.

De acordo com o Annals of Internal Medicine, nos últimos dois anos, cerca de 25 mil visitas ao pronto-socorro nos EUA foram relacionadas aos efeitos colaterais do uso de GLP-1. Embora inicialmente destinados ao tratamento do diabetes, esses remédios têm sido utilizados de forma off-label por pessoas que buscam resultados rápidos, muitas vezes sem acompanhamento médico adequado.

Impacto psicológico e surgimento de transtornos alimentares

Além das complicações físicas, um aspecto mais delicado e pouco discutido é o efeito desses medicamentos na saúde mental. A ação de suprimir o apetite pode reforçar comportamentos restritivos ou até desencadear novos transtornos alimentares, como a anorexia induzida por medicamentos. Especialistas alertam para o risco de “distúrbios induzidos por drogas”, onde o sentimento de saciedade torna-se uma armadilha que alimenta obsessões com o corpo.

O uso desenfreado, muitas vezes sem avaliação psicológica ou orientação adequada, evidencia uma cultura que associa saúde a um padrão estético cada vez mais rígido. Consumidores, celebridades e fóruns na internet compartilham receitas e doses não oficiais, aumentando a margem de risco.

Questão de acessibilidade e o papel da sociedade

Embora essas medicações tenham sido inicialmente criadas para o controle do diabetes, seu uso para emagrecimento elevou o debate sobre desigualdade no acesso. Muitos pacientes precisam pagar do próprio bolso, e os preços variam bastante, dificultando o acesso de quem realmente precisa de tratamento médico formal.

O médico e pesquisador Nicholas Cozzi, da Rush University Medical Center, destaca que a busca por resultados rápidos tem um custo que às vezes ultrapassa o físico, atingindo o psicológico. “Estamos na era do culto à estética, mas é preciso refletir sobre o que estamos sacrificando nesse caminho”, afirma.

Perspectivas futuras e reflexão

Profissionais de saúde alertam para a necessidade de regulamentação mais rigorosa e de abordagens que equilibrem a busca por saúde física com o bem-estar psicológico. Questões como o impacto social e cultural, bem como a importância de acompanhamento médico completo, devem estar na pauta do debate sobre o uso de medicamentos para perda de peso.

Enquanto a cultura de resultados rápidos persiste, é imprescindível questionar: até que ponto estamos dispostos a arriscar a nossa saúde em troca de um corpo ideal?

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