A Polícia Federal (PF) revelou que as mensagens obtidas no celular de Jair Bolsonaro (PL) incluem críticas de seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL), ao deputado Nikolas Ferreira. O conteúdo, que foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), foi parte da investigação que resultou no indiciamento do ex-presidente e seu filho por coação e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Críticas internas na direita
As mensagens trocadas entre Jair e Eduardo Bolsonaro indicam uma preocupação com a imagem de Nikolas Ferreira, o que gerou um clima de tensão dentro do próprio campo político da direita. As publicações que Eduardo compartilhou com o pai questionam a falta de apoio do deputado mineiro a manifestações em favor do ex-presidente. O relatório da PF menciona que as postagens incluíam críticas sobre a ausência de divulgação de eventos relevantes para o movimento bolsonarista, o que aponta para um racha crescente entre os aliados de Jair Bolsonaro.
Contexto das críticas
Entre os textos compartilhados, um se destaca ao afirmar: “Divulgar a manifestação na Av. Paulista, ZERO. Divulgar palestra em Curitiba, vale até repostar o Silvio Grimaldo. Jair Bolsonaro está em BH, já já veremos na prática a arte de ‘COLAR no Bozo’ pra depois ‘DESCOLAR do BOZO’”. Essas mensagens demonstram a frustração de Eduardo em relação à aparente falta de comprometimento de Nikolas com a causa bolsonarista.
Esse descontentamento se deve, em parte, à crítica de Nikolas à sua relação com Jair Bolsonaro. O deputado vinha sendo visto como alguém que tentava se distanciar do ex-presidente para manter uma imagem própria, algo que incomodou os mais próximos de Jair. A situação se intensificou após as mensagens de Eduardo serem identificadas pela PF, trazendo à luz esse conflito interno.
Eduardo Bolsonaro e a pressão sobre o STF
Paralelamente a esta turbulência, Eduardo Bolsonaro tem se movimentado nos Estados Unidos, buscando apoio e tentando influenciar o STF em relação ao julgamento que envolve sua família. As mensagens que foram destacadas pela PF foram enviadas no dia 17 de julho, e, poucos dias após, Eduardo fez críticas públicas a Nikolas Ferreira, indicando um claro atrito entre os dois.
Reações e apoio a Silas Malafaia
As críticas a Nikolas não foram unilaterais. O parlamentar mineiro, que já enfrentava críticas de setores bolsonaristas pela sua falta de empenho, utilizou as redes sociais para responder ao vazamento de mensagens. Nikolas concentrou sua defesa sobre o pastor Silas Malafaia, que, por sua vez, também enfrenta sua própria série de investigações. Ele ironizou a situação ao afirmar nas redes sociais: “As únicas coisas que não vazam no Brasil é o celular do Adélio, a filmagem do aeroporto de Roma e as gravações do 08/01”.
A ironia de Nikolas reflete um sentimento de perseguição, tanto de seus críticos quanto do próprio sistema judicial, que ele acredita estar atuando de forma injusta. Em meio a isso, ele também promoveu atos de apoio em 7 de setembro, buscando reforçar seu posicionamento dentro da direita.
O futuro dos Bolsonaros
Atualmente, tanto Jair quanto Eduardo Bolsonaro são alvos de uma investigação que investiga a suposta atuação nos Estados Unidos para tentar coagir membros do STF em troca de perdão por ações ligadas à tentativa de golpe de Estado. Jair, em prisão domiciliar e monitorado por tornozeleira eletrônica, tem buscado manter a conexão com seus apoiadores por meio de telefonemas durante manifestações.
A divisão pública entre Eduardo e Nikolas Ferreira pode representar um ponto de inflexão para a direita no Brasil, onde os aliados de Jair Bolsonaro estão enfrentando não apenas a necessidade de unir forças em um momento de crise, mas também a crescente necessidade de clarificar suas posturas políticas perante um eleitorado volátil e crítico.
Esse cenário de tensão interna indica que a direita brasileira, especialmente os apoiadores de Bolsonaro, poderá passar por uma nova reconfiguração em resposta aos desafios legais e políticos que estão enfrentando.