Brasil, 22 de agosto de 2025
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Mensagens expõem divisão na direita e uso do tarifaço por Bolsonaro

Revelações de conversas entre Jair e Eduardo Bolsonaro mostram como a política brasileira está em crise, um ano antes das eleições.

A recente investigação que analisa a tentativa do ex-presidente Jair Bolsonaro de interferir em investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) revelou fraturas significativas dentro da direita brasileira, a menos de um ano das próximas eleições. Enquanto líderes de partidos como PL, União Brasil, PP e Republicanos tentam encontrar um candidato que unifique a oposição a Luiz Inácio Lula da Silva, documentos apreendidos pela Polícia Federal mostram manobras do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para deslegitimar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como um possível sucessor na disputa presidencial.

A intriga familiar e a luta pelo poder

Durante o acompanhamento das investigações, que ocorrem sob a supervisão do ministro Alexandre de Moraes no STF, a polícia coletou mensagens que expõem a atuação de Eduardo nos Estados Unidos para enfraquecer a imagem de Tarcísio como candidato à presidência. As conversas detalham uma clara tensão entre pai e filho, onde o deputado não hesita em criticar o governador, afirmando que “Tarcísio nunca te ajudou em nada no STF”, em referência à atuação de Bolsonaro na corte.

“Aqui nos EUA tivemos que driblar a ideia plantada pelos aliados dele, de que ‘Tarcísio = Bolsonaro’. Isso indica que com Tarcísio ou comigo, Trump teria um aliado na presidência do Brasil em 2027”, relatou Eduardo em mensagens trocadas com seu pai, no dia 11 de julho de 2025. Essa interação se deu após o governador ter se encontrado com o encarregado de negócios dos EUA, Gabriel Escobar, para discutir o tarifaço imposto pelo governo Trump.

Ofensas e tensões na família Bolsonaro

A comunicação entre Eduardo e Jair também revelou xingamentos e uma rivalidade crescente. Em uma mensagem, Eduardo desabafa sobre o que considera a falta de apoio do pai em sua política, ironizando: “Você ainda pode se ajudar e se fuder daí!”, referindo-se ao impacto das políticas de seu pai na situação política brasileira.

A situação se torna ainda mais tensa à medida que Eduardo critica o pai por elogios a Tarcísio, levando a um embate na forma de mensagens ofensivas, que mostram que a crise familiar se reflete na disputa interna por poder político. O ex-presidente chegou a chamar o filho de “imaturo” por suas críticas, revelando que a luta pela presidência em 2026 colocou uma pressão imensa nas relações familiares.

Eduardo Bolsonaro e a busca por apoio internacional

Desde sua mudança para os Estados Unidos em fevereiro, Eduardo tem buscado apoio político internacional, argumentando que seu pai é alvo de uma perseguição em seu país. Ele e Jair foram indiciados por coação de autoridades no contexto do golpe e por tentativas de abolição do Estado Democrático de Direito. Essa estratégia tem provocado debate, sendo vista por muitos como uma tentativa de articular suporte que beneficiaria Bolsonaro e sua família.

Defesa e reações públicas

Os advogados do ex-presidente manifestaram surpresa com o indiciamento, considerando inesperada a linha de investigação que une as ações do pai e do filho. Em meio a isso, Tarcísio minimizou as mensagens reveladas, ressaltando que a comunicação privada entre pai e filho não deveria ser tema público, embora a pressão política e social continue a crescer.

Assim, as mensagens expostas não apenas revelam uma divisão interna na direita brasileira, mas também destacam o uso do tarifaço como uma arma em negociações políticas. O deputado fez comentários críticos sobre a necessidade de uma “anistia light” que beneficiasse apenas os executores dos atos de 8 de janeiro, elevando a pressão pela anistia total que poderia livrar seu pai também de possíveis condenações.

O uso do tarifaço para barganhas políticas

A discussão em torno do tarifaço, claramente ligada aos acontecimentos políticos, levanta questões sobre a ética das negociações em curso. Eduardo apontou que caso uma anistia limitada fosse aprovada, o suporte dos EUA ao ex-presidente poderia ser comprometido. Após o anúncio do tarifaço por Trump, que relacionou o apoio a ações judiciais contra Bolsonaro, tornou-se evidente que a relação entre os dois países e a lei brasileira estava em jogo.

As conversas entre Bolsonaro e Silas Malafaia, outro membro central no escândalo, revelaram tentativas de usar o tarifaço como moeda de troca em negociações sobre a anistia. Isso ilustra a complexidade da política brasileira atual, onde alianças são constantemente formadas e desfeitas, enquanto o caminho para as eleições de 2026 se torna cada vez mais nebuloso.

À medida que as investigações avançam, ficará claro quão profundas são as divisões dentro da direita ao redor de Bolsonaro, conforme eles tentam unir forças em um cenário político marcado por tensão e incerteza.

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