Em uma coletiva nesta terça-feira, em Santa Teresa, Novo México, a secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem, anunciou que o muro da fronteira sul será pintado de preto. A medida, atribuída a uma solicitação do próprio Donald Trump, tem como objetivo dificultar a escalada e a escavação pelo lado mexicano.
Militarização da fronteira e estratégias incomuns
Noem destacou que o muro, já considerado alto e fundo no solo, será agora coberto com tinta preta, uma iniciativa que segundo ela, tornará a estrutura ainda mais difícil de ser explorada pelos imigrantes ilegais, especialmente em temperaturas elevadas. “Quando o muro é pintado de preto, ele aquece mais, o que aumenta o desconforto e desestimula tentativas de entrada”, afirmou.
A secretária também foi vista usando um rolo de pintura ao lado da estrutura, demonstrando o esforço direto na ação. Noem alegou que a medida é uma consequência direta das ordens do ex-presidente Trump, que insiste na ideia desde seu primeiro mandato.
Custo e controvérsias
Embora Noem não tenha estimado o custo da pintura, a agência CNN revelou que o pacote “Big, Beautiful Bill” destinou aproximadamente US$ 46,5 bilhões para a modernização do muro. Segundo análises anteriores, pintar uma milha da estrutura de preto custava cerca de US$ 1,2 milhão, o que levanta dúvidas sobre o orçamento total da iniciativa.
De acordo com fontes, Trump já havia mencionado o projeto em campanhas anteriores, incluindo testes de pintura preta em trechos do muro em 2020, que seriam feitos mais para agradar o então presidente e seus seguidores.
Reações e críticas públicas
As redes sociais se encheram de comentários irônicos e críticos ao projeto. Um usuário do Reddit ironizou: “Eles sabem que não há sol à noite, né?”. Outros zombaram afirmando que o governo investe bilhões em ações inúteis, como pintar o muro de preto, enquanto corta fundos para programas sociais.
Outro comentário divertido destacou que, com o custo estimado em US$ 2,7 bilhões, o governo poderia, por exemplo, fornecer luvas de US$ 5 a imigrantes tentando passar pelo muro, ou seja, gastar o valor em itens mais simples e práticos.
Mais do mesmo ou iniciativa inútil?
Especialistas criticam a estratégia, considerando-a um gasto supérfluo sem efeito real na redução da imigração ilegal. “A pintura de preto é mais uma tentativa de chamar atenção do que uma solução efetiva”, avalia o analista político João Pereira, acrescentando que recursos poderiam ser investidos em tecnologias de monitoramento ou reforço estrutural.
O debate sobre a validade de tais medidas continua, enquanto a administração busca justificar o investimento milionário na iniciativa, que muitos consideram uma jogada de marketing político e pouca efetividade prática.
Perspectivas futuras
A implementação do projeto ainda não tem cronograma definido, mas a expectativa é que a partir de 2026 o muro preto possa ser uma realidade ao longo de 2.300 km de fronteira. A controvérsia permanece, com críticas de grupos defensores da imigração, ambientalistas e especialistas em segurança nacional.