Brasil, 23 de agosto de 2025
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Juíza pede julgamento de policiais do caso Luana fora de Ribeirão Preto

Pedido da juíza busca garantir imparcialidade em julgamento que envolve morte de garçonete agredida por PMs em 2016.

No contexto desafiador do caso Luana Barbosa dos Reis, a juíza Marta Rodrigues Maffeis, da 1ª Vara do Júri e das Execuções Criminais, solicitou ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) que os três policiais militares acusados de sua morte sejam julgados fora de Ribeirão Preto. O pedido, feito em um ofício expedido na última quinta-feira (21), tem como objetivo garantir um julgamento mais imparcial, considerando o forte envolvimento da comunidade e a repercussão do caso.

Contexto do caso Luana Barbosa

Luana, uma jovem garçonete, foi brutalmente agredida durante uma abordagem policial em abril de 2016, o que resultou em sua morte cinco dias depois. As circunstâncias em torno de sua abordagem geraram grande comoção pública. De acordo com relatos da família, Luana e seu filho foram parados enquanto se dirigiam a um curso. Ao se recusar a ser revistada sem a presença de uma policial, ela acabou sendo agredida pelos policiais.

Em um vídeo divulgado em redes sociais logo após a agressão, Luana revela que foi ameaçada de morte e apresenta ferimentos visíveis no rosto e hematomas pelo corpo. O impacto daquela noite trágica culminou em sua morte, devido a danos sérios à sua saúde, incluindo isquemia cerebral e traumatismo cranioencefálico.

Repercussão do caso e pedido de desaforamento

A juíza Maffeis fundamentou seu pedido de desaforamento destacando a gravidade da situação em Ribeirão Preto. Ela menciona que “durante a instrução processual, este Juízo enfrentou dificuldades que comprometem gravemente a possibilidade de julgamento imparcial e sereno nesta comarca”. Testemunhas do caso relataram intimidações e houve protestos em frente ao fórum, o que gerou um clima hostil para a continuidade do julgamento na cidade onde os eventos ocorreram.

Além disso, a juíza ressaltou que o caso tinha dimensões internacionais, tendo sido levado ao conhecimento do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. O clamor social e a pressão gerada pela intensa cobertura da mídia são fatores que podem interferir na imparcialidade do processo.

Desdobramentos legais e acusação dos policiais

Os policiais militares Douglas Luiz de Paula, André Donizete Camilo e Fábio Donizeti Pultz enfrentam acusações de homicídio triplamente qualificado, que inclui motivos torpes, uso de meios cruéis e impedimento da defesa da vítima. A defesa dos policiais tentou transferir o caso para a Justiça Militar, mas em decisão unânime, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que eles seriam julgados pela Justiça comum, decisão que já é definitiva.

No entanto, a localização do julgamento ainda está pendente de avaliação pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. A juíza sugere que o júri ocorra em São Paulo, a mais de 300 quilômetros de Ribeirão Preto, para tentar minimizar a influência local.

A importância da imparcialidade no julgamento

O caso Luana se destaca não apenas pela tragédia pessoal, mas também pelos questionamentos que levanta sobre a atuação das forças de segurança e a necessidade de acompanhamento rigoroso pela Justiça. O pedido de desaforamento busca assegurar que o julgamento seja realizado em um ambiente onde a pressão pública não interfira nas decisões judiciais. A imparcialidade é um pilar fundamental para um sistema judiciário em que todos devem ter a garantia de um julgamento justo.

Considerações finais

A espera pelo julgamento da morte de Luana Barbosa dos Reis é um testemunho dos desafios enfrentados na luta por justiça em casos de violência policial. A decisão do TJ-SP sobre o pedido de desaforamento será crucial não apenas para os acusados, mas também para a tutela dos direitos humanos e a confiança da sociedade nas instituições de justiça. Ao longo dos anos, este caso tem representado um clamor por mudanças e por um sistema que defenda não apenas os direitos das vítimas, mas que também busque responsabilizar aqueles que abusam de seu poder.

Para saber mais sobre este caso e outros temas relacionados à justiça em Ribeirão Preto e Franca, acompanhe o g1 Ribeirão Preto e Franca.

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