As atuais operações militares israelenses na Faixa de Gaza estão gerando um cenário alarmante. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou a aprovação do plano de ocupação da cidade de Gaza, preparando o terreno para possíveis negociações, mas somente após a derrota total do Hamas. Ademais, um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) pela primeira vez atribui a fome em Gaza diretamente ao bloqueio imposto pelo governo israelense, destacando a urgência da situação humanitária na região.
Avanços do exército israelense na cidade de Gaza
As operações militares iniciadas pelo exército israelense têm avançado com o controle já estabelecido sobre a periferia da cidade de Gaza. Bombardeios incessantes ocorreram na noite de quinta-feira, 21 de agosto, enquanto as forças de defesa de Israel alertaram hospitais e organizações humanitárias para que se preparassem para uma evacuação. De acordo com a mídia israelense, o plano será iniciar a operação por meio da evacuação de civis, seguido do cerco e ocupação gradual da cidade, com ataques em áreas ainda não ocupadas.
Reações das autoridades militares
Na manhã de sexta-feira, 22 de agosto, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, fez um pronunciamento crítico ao Hamas, exigindo a entrega das armas e a liberação dos reféns. “Se o Hamas não se render, a cidade de Gaza se transformará em uma Rafah ou Beit Hanoun”, afirmou, referindo-se a cidades já devastadas por ataques anteriores. O discurso das autoridades israelenses evidencia a postura firme do governo em continuar as operações até que o Hamas seja completamente desmantelado.
Apelo humanitário do Pe. Romanelli
No meio do caos, o pároco de Gaza, Pe. Gabriel Romanelli, expressou sua preocupação por meio das redes sociais, relatando os contínuos bombardeios próximos à paróquia, localizada no bairro de Zeytoun, que também não recebeu qualquer ordem de evacuação até o momento. “As necessidades de toda a população civil de Gaza são urgentes”, enfatizou o sacerdote, fazendo um apelo por ajuda humanitária.
Posicionamento de Netanyahu frente a propostas de trégua
Netanyahu rejeitou propostas de cessar-fogo apresentadas por Egito e Catar, destacando que a derrota do Hamas e a libertação dos reféns são condições essenciais para qualquer acordo de trégua. Durante uma entrevista ao canal Sky News Australia, ele afirmou que, mesmo se o Hamas aceitasse um cessar-fogo neste momento, Israel manteria o controle da Faixa: “Nunca houve dúvida de que não deixaremos o Hamas lá”, disse.
A ONU e a denúncia da fome
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, qualificou o uso da fome como método de guerra como um “crime de guerra”. O relatório do IPC (Integrated Food Security Phase Classification) confirmou a existência de fome na cidade de Gaza e sua área circundante, com 132 mil crianças menores de cinco anos em risco iminente devido à desnutrição. A ONU atribui essa crise diretamente ao bloqueio israelense e pede uma ação rápida e decisiva para amenizar a situação antes que ela se agrave ainda mais.
Divisão da Cisjordânia e a comunidade internacional
Além da situação em Gaza, o governo israelense planeja a construção de novos assentamentos na Cisjordânia, o que gerou uma forte resposta internacional. Um grupo de 21 países, incluindo Grã-Bretanha, França e Austrália, condenou a ação como uma violação inaceitável do direito internacional. A União Europeia reafirmou seu pedido para que Israel suspenda imediatamente esses planos, argumentando que a divisão da Cisjordânia comprometerá gravemente a viabilidade de um futuro Estado palestino e a resolução pacífica do conflito.
Assim, as tensões continuam a aumentar, e a situação na Faixa de Gaza se torna cada vez mais crítica, com a comunidade internacional observando atentamente o desenrolar dos acontecimentos.