A Associação Comercial Americana no Brasil (Amcham) se prepara para sua quarta missão oficial aos Estados Unidos, no início de setembro, com o objetivo de dialogar com autoridades norte-americanas e tentar reverter as tarifas impostas pelo governo de Donald Trump. A iniciativa envolve empresas brasileiras e americanas que atuam no Brasil, bem como as matrizes nos EUA, segundo afirmou Abrão Neto, CEO da Amcham Brasil.
Esforço conjunto para manter o comércio bilateral aberto
De acordo com Abrão Neto, atualmente há cerca de 10 mil empresas brasileiras exportando para os Estados Unidos, todas elas interessadas em preservar o acesso ao mercado norte-americano. Além disso, quase 4 mil companhias americanas possuem operações no Brasil, muitas há mais de 100 anos, formando uma relação bilateral sólida. “Buscamos mobilizar o setor empresarial de ambos os países para apoiar essa mensagem de manutenção de um comércio livre e construtivo”, destacou o presidente da Amcham.
Negociações dependem do envolvimento dos governos
Embora o setor empresarial esteja empenhado em dialogar, Abrão Neto ressaltou que a negociação de questões comerciais cabe exclusivamente aos governos. “O setor empresarial não tem prerrogativa para negociar essas questões, mas pode contribuir com informações e articulação”, afirmou.
Participação em manifestações sobre as investigações dos EUA
A Amcham apresentou sua manifestação ao USTR (Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos) durante as investigações da Seção 301 sobre alegadas práticas comerciais desleais do Brasil, abordando temas desde o comércio até o desmatamento. Nos argumentos, a associação defendeu posicionamentos alinhados às preocupações brasileiras.
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Coordenação entre entidades brasileiras e americanas
O representante da US Chamber, americana, também participou das discussões, destacando que 6.500 pequenas empresas dependem de importações do Brasil. “A Câmara está preocupada que tarifas de 50% sobre importações brasileiras possam prejudicar empresas e trabalhadores americanos, além de impactar os esforços de resolução de disputas comerciais”, afirmou. Enquanto isso, a Amcham reforça a atuação coordenada com a US Chamber, ambas buscando promover a relação bilateral.
Próximas ações e visitas empresariais
Além da missão da Amcham, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) está organizando uma visita empresarial a Washington, nos dias 3 e 4 de setembro. O objetivo é sensibilizar os EUA com propostas de interesse mútuo, acelerando negociações e incluindo setores relevantes na pauta, mesmo aqueles de menor peso financeiro.
Participantes e setores envolvidos
Representantes de setores como brinquedos, máquinas, têxtil, alumínio, carnes, madeira, café, ferramentas, cerâmica, rochas e couro compõem a delegação, além das federações estaduais de Goiás (Fieg) e Santa Catarina (Fiesc). Empresas como Tupy, Embraer, Stefanini, Novelis e Siemens Energy também integram o grupo de negociação.
Perspectivas e impacto esperado
Segundo Ricardo Alban, presidente da CNI, o objetivo é apresentar propostas concretas que reforcem os interesses de ambos os lados, buscando acelerar a resolução das disputas comerciais e evitar o aumento de tarifas. Analistas indicam que esse diálogo é fundamental para evitar impactos negativos duradouros na economia bilateral.
A iniciativa demonstra uma postura proativa do setor empresarial brasileiro para evitar desdobramentos nocivos às relações comerciais com os Estados Unidos, buscando fortalecer o diálogo e a cooperação entre as duas nações.
Fonte: O Globo