A cidade de Nínive, um dos mais notáveis testemunhos da civilização assíria, foi uma potência regional na antiguidade que, ao longo do tempo, enfrentou a sua decadência, tal como preconizado pelo profeta Jonas. Este texto examina a história de Nínive, sua grandiosidade e os elementos que contribuíram para sua queda, assim como as revelações arqueológicas que recontam sua trajetória.
Aglomeração e riqueza cultural
Localizada na Mesopotâmia, na região que hoje corresponde ao Iraque, Nínive era uma metrópole vibrante, situada na margem leste do rio Tigre, em frente à atual cidade de Mosul. Durante os reinados dos reis Senaqueribe e Assurbanípal, no século VII a.C., a cidade alcançou seu ápice. O profeta Jonas, enviado por Deus, relata a necessidade de conversão de seus moradores que, segundo a narrativa bíblica, clamaram por misericórdia ao perceberem o iminente castigo divino.
Conforme o trecho do Livro de Jonas, Nínive era reconhecida por seu tamanho e importância, sendo descrita como uma cidade tão grande que levaria três dias para atravessá-la. A conversão dos ninivitas, após a pregação de Jonas, reflete não apenas um aspecto religioso, mas também a capacidade de mudança e crescimento da cidade, em contraste com sua eventual decadência.
Glória e decadência de Nínive
A civilização assíria, que se formou sob a ótica das conquistas militares, se estendeu até os vales dos rios Tigre e Eufrates, estabelecendo cidades altamente organizadas no que hoje é o Iraque. O poder do império era sustentado pela força do exército, e embora o rei fosse considerado um monarca absoluto, sua autoridade frequentemente era compartilhada com nobres e cortesãos, o que, muitas vezes, gerava intrigas e instabilidades.
O império assírio, por sua natureza militarista, tornou-se um dos primeiros a estabelecer uma organização funcional com um exército altamente eficiente, que resultou na submissão de várias nações mesopotâmicas. Contudo, a falta de uma administração coesa e as intrigas internas acabaram por fragilizar sua estrutura. A queda do império em 612 a.C. foi precipitada por uma coalizão militar de caldeus e medos, resultando na destruição de Nínive e na ascensão do Segundo Império Babilônico.
Os grandes governantes de Nínive
Entre os monarcas que se destacaram na história de Nínive, Senaqueribe e Assurbanípal estão entre os mais notáveis:
- Senaqueribe (704–681 a.C.): Transformou Nínive em uma das maiores cidades do mundo antigo, investindo em aquedutos, jardins e palácios. Seu “Palácio sem Rival”, repleto de relevos que celebram suas conquistas, é um testemunho de seu poder.
- Assurbanípal (668–627 a.C.): Descendente de Senaqueribe, é lembrado por ter criado a Biblioteca de Nínive, uma das mais antigas do mundo, que continha obras literárias e científicas valiosas, incluindo a épica de Gilgamesh.
Descobertas Arqueológicas
Entre 1845 e 1851, escavações realizadas na área revelaram os vestígios da antiga cidade, incluindo palácios, muralhas e a famosa biblioteca. Entretanto, o sítio arqueológico enfrenta ameaças devido a conflitos na região e à urbanização de Mosul. A destruição promovida pelo Estado Islâmico deixou cicatrizes profundas no legado assírio, tornando a preservação do local uma tarefa urgente para arqueólogos e historiadores.
Hoje, Nínive se ergue como um símbolo da complexidade da história humana. Sua trajetória, que vai da glória à queda, oferece lições valiosas sobre o efêmero da grandeza e o impacto das ações coletivas. Apesar da devastação, os esforços para preservar a cidade são um testemunho da resiliência e da importância da memória histórica.
Em resumo, a história de Nínive é um reflexo da ascensão e queda das civilizações, revelando a grandiosidade da cultura humana e a fragilidade de seu legado. O que resta da antiga metrópole continua a aguçar a curiosidade de estudiosos e turistas, garantindo que a riqueza de sua história não seja esquecida.