No início da manhã de quarta-feira, a faixa colorida no cruzamento em frente à boate Pulse, em Orlando, foi removida pelo estado da Flórida, conforme anunciado na quinta-feira pelo prefeito Buddy Dyer e outros representantes locais. Essa faixa era um memorial em homenagem às 49 vítimas do tiroteio que ocorreu em 2016, tornando-se um símbolo de resistência e lembrança para a comunidade LGBTQ+.
A indignação do prefeito Dyer
O prefeito Dyer expressou sua devastação em um post nas redes sociais, afirmando: “Estamos devastados ao saber que, durante a noite, o estado pintou sobre o cruzwalk memorial do Pulse na Orange Avenue. Mas sabemos que, embora essa faixa tenha sido removida, o compromisso de Orlando em honrar os 49 nunca poderá ser apagado.”
Em um comunicado mais extenso, Dyer descreveu a ação como “um ato político cruel”, ressaltando que a faixa foi criada em 2017 e que estava de acordo com as normas de segurança estabelecidas pelo estado. A remoção repentina e sem discussão prévia foi vista como uma afronta à memória dos que perderam a vida no maior tiroteio em massa registrado na história dos Estados Unidos até aquele momento.
As reações da comunidade e de líderes locais
O Senador da Flórida, Carlos Guillermo Smith, criticou duramente a ação, chamando-a de “um ato repugnante de traição”. Ele também compartilhou uma foto de membros da comunidade usando giz para colorir a nova pintura, mostrando sua resistência e solidariedade.
Brandon Wolf, um sobrevivente do ataque na boate Pulse, também se manifestou nas redes sociais, dizendo: “Na escuridão da noite, vieram para apagar nossa demonstração de solidariedade, nossa declaração de que nunca esqueceremos.” Wolf destacou a hipocrisia de um estado que não enfrenta as consequências de uma tragédia tão profunda.
Diretrizes do Departamento de Transporte da Flórida
Nos últimos meses, o Departamento de Transporte da Flórida havia notificado diversas cidades sobre a necessidade de remover faixas e cruzamentos coloridos. Caso contrário, poderiam perder o financiamento para transporte público. Cidades como Delray Beach e Key West também receberam esse aviso.
Um memorando emitido em junho pelo secretário assistente do departamento, Will Watts, proíbe “arte de superfície” em cruzamentos, faixas de pedestres e outros locais públicos, com a justificativa de que isso não serve ao controle do tráfego. A decisão gerou controvérsias e preocupações sobre a censura de expressões artísticas e simbólicas.
Um chamado à ação e memória coletiva
A remoção da faixa colorida aconteceu em um momento crítico, logo após a recente lembrança do ataque à boate Pulse, que ocorreu em 12 de junho de 2016. O atirador, Omar Mateen, matou 49 pessoas e feriu outras 53 durante um ataque sangrento. O ocorrido não apenas chocou a comunidade local, como também teve repercussões em todo o país, acendendo o debate sobre a violência armada e a segurança nos espaços públicos.
Sobre essa temática, o prefeito Dyer enfatizou que a faixa não apenas melhorou a segurança e a visibilidade para os muitos pedestres que visitavam o memorial, mas também serviu como um lembrete visual do compromisso de Orlando em honrar os 49 que perderam suas vidas. “Embora essa faixa tenha sido removida, o compromisso da nossa comunidade em honrar os 49 nunca poderá ser apagado,” disse ele.
Estão sendo planejadas cerimônias e memórias permanentes para as vítimas, enquanto a cidade se prepara para construir um memorial duradouro no local da antiga boate, garantindo que a história e as vidas dos afetados não sejam esquecidas.
Como a controvérsia sobre a remoção da faixa continua a repercutir, muitos na comunidade esperam que o estado reavalie suas decisões e reconheça a importância de preservar a memória e a resiliência diante da adversidade.
