A prefeitura de São Paulo realizou um importante leilão de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), vendendo 94.811 unidades de um total de 164.509 disponíveis. A arrecadação atingiu R$ 1,6 bilhão, valor considerado recorde apesar de abaixo do esperado, e será utilizado principalmente para melhorias na favela do Paraisópolis, na região da Faria Lima.
Principais adquirentes e projetos de alto padrão
Embora a lista de compradores seja sigilosa, fontes do mercado imobiliário confirmaram que empresas como a JHSF, Trisul e Even participaram do leilão. A JHSF, por exemplo, adquiriu títulos que devem viabilizar o complexo Shops Faria Lima, um centro comercial de luxo na esquina da Faria Lima com Leopoldo Couto de Magalhães, nas proximidades do Parque do Povo. A proposta inclui espaços de gastronomia, lojas de grifes nacionais e internacionais e uma arquitetura sofisticada.
A incorporadora Even também comprou títulos para projetos residenciais de alto padrão na mesma região, incluindo o Faena São Paulo, um residencial de luxo na esquina da Faria Lima com a Avenida Eusébio Matoso, com previsão de entrega em 2027. A obra deverá incluir residências, hotel e centro cultural, sendo considerada uma das mais sofisticadas da cidade. A Trisul, por sua vez, já possui terrenos na região de Pinheiros, próximo à Faria Lima, onde planeja futuros empreendimentos de alto padrão.
Operação Urbana e uso dos recursos
O leilão foi realizado dentro do âmbito da Operação Urbana Consorciada (OUC) Faria Lima, uma ferramenta criada há três décadas para estimular o desenvolvimento da área. Cada Cepac permite construir de até 4,8 vezes a área do terreno, beneficiando projetos comerciais e residenciais de maior escala.
Os recursos arrecadados serão prioritariamente destinados a melhorias na favela de Paraisópolis, considerada uma das áreas beneficiadas desde o ano passado, além de obras já realizadas como a ciclopassarela que liga Pinheiros ao Butantã e a revitalização de avenidas importantes na cidade.
Regularização de imóvel embargado e questões jurídicas
Outro interessado na compra de Cepacs foi a Construtora São José, que pretende regularizar um edifício já existente na Rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, no Itaim Bibi, conhecido como St Barths. O prédio foi embargado pela Justiça em 2023, por irregularidades na construção, embora estivesse próximo de sua conclusão.
Na semana passada, a São José adquiriu 3.800 títulos para regularizar a situação. Segundo o advogado da empresa, Edgard Hermelino Leite, há a intenção de solicitar a liberação da obra junto à Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL), mesmo diante de o imóvel ainda estar embargado por decisão judicial.
Arrecadação abaixo do esperado e perspectivas futuras
Apesar do valor arrecadado de R$ 1,6 bilhão, o montante ficou aquém dos R$ 2,8 bilhões previstos inicialmente pela prefeitura. O mercado aponta fatores como as altas taxas de juros, o elevado valor dos títulos e a insegurança jurídica, influenciando a baixa adesão no leilão. Cada Cepac foi vendido por R$ 17.601, mantendo o preço mínimo estabelecido em 2019.
Analistas acreditam que o próximo leilão deve ocorrer em 2026, com possíveis ajustes na estratégia, como maior espaçamento entre as vendas e a tentativa de redução das taxas de juros. Apesar das dificuldades, a demanda por imóveis de alto padrão na região da Faria Lima permanece forte, com expectativa de retomada dos investimentos no mercado imobiliário de luxo na cidade.
O CEO da plataforma SiiLa, Giancarlo Nicastro, afirmou que, embora o momento seja desafiador devido às altas taxas de juros, a região da Faria Lima continua sendo uma das mais desejadas para o desenvolvimento imobiliário, com potencial para novos negócios futuros.
Para mais detalhes sobre a operação e os projetos ligados ao leilão, acesse o Fonte integral.