Brasil, 22 de agosto de 2025
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Escândalo de artigos gerados por IA impacta jornais renomados

Publicações como Wired e Business Insider removem artigos após descobrir que foram escritos por uma suposta jornalista freelance usando inteligência artificial.

Nos últimos meses, várias organizações de notícias removeram de seus sites artigos escritos por uma suposta jornalista freelance, que agora se suspeita ter sido gerados por inteligência artificial (IA). O caso gerou um amplo debate sobre a autenticidade do conteúdo publicado e a responsabilidade dos veículos de comunicação em checar a veracidade das informações.

A descoberta do problema

Na quinta-feira, o site Press Gazette noticiou que pelo menos seis publicações, incluindo Wired e Business Insider, tomaram a decisão de remover esses artigos após uma revisão que revelou a origem artificial do conteúdo. Os textos foram escritos sob o nome de Margaux Blanchard, que se apresenta como uma jornalista freelance.

Um dos artigos publicados pela Wired, intitulado “Eles se apaixonaram jogando Minecraft. Depois, o jogo se tornou o local do casamento deles”, foi publicado em maio. Contudo, algumas semanas depois, a publicação retirou o texto do ar, alegando em uma nota de edição que, após uma revisão adicional, o artigo não atendia aos padrões editoriais da publicação.

Identidade questionável

O artigo citava uma “Jessica Hu”, que seria uma suposta celebrante de casamentos, mas tanto o Press Gazette quanto o Guardian não conseguiram verificar a identidade da mencionada. Além disso, em abril, o Business Insider também publicara dois ensaios escritos por Blanchard que foram retirados após alertas sobre a autenticidade da autora.

As páginas dos artigos agora exibem uma mensagem indicando que foram “removidos porque não atenderam aos padrões do Business Insider”. Um porta-voz da publicação confirmou ao Guardian que os textos foram apagados e que protocolos de verificação foram reforçados.

Reconhecimento do erro

No artigo publicado na quinta-feira, a administração da Wired admitiu que cometeu um erro e declarou: “Se alguém deveria conseguir identificar um criminoso utilizando IA, deveria ser a Wired. Infelizmente, um passageiro conseguiu passar.” Isso ocorreu após um editor ter recebido uma proposta sobre “a ascensão de casamentos hipernichados na internet”, que se mostrou muito convincente inicialmente.

A Wired informou que, após a atribuição do artigo, se tornaram evidentes as dificuldades do autor em fornecer dados necessários para o processo de pagamento. A abordagem do autor, que insistiu em pagamento via PayPal, levantou suspeitas que culminaram na descoberta de que a história era fabricada.

Novas diretrizes de verificação

A publicação reconheceu que o artigo não passou por um processo de verificação de fatos adequado e que não recebeu uma edição completa de um editor mais sênior. A Wired reafirmou seu compromisso com a qualidade e a precisão do conteúdo, prometendo que não permitirão que incidentes semelhantes voltem a ocorrer. “Neste novo era, todas as redações devem estar preparadas para fazer o mesmo”, disseram.

A descoberta da falta de autenticidade dos textos de Blanchard foi inicialmente trazida à atenção da imprensa por Jacob Furedi, editor de uma nova revista chamada Dispatch, que também recebeu uma proposta da suposta autora, envolvendo uma cidade de mineração desativada transformada em um local secreto de treinamento para investigações de mortes. O editor fez uma análise crítica da proposta e, por não conseguir verificar a informação, levou o caso adiante.

Reflexões sobre o futuro do jornalismo

Este incidente levanta questões sérias sobre o uso de IA no jornalismo e a responsabilidade dos editores em garantir que o conteúdo esteja alinhado com os padrões rigorosos de verificação e qualidade. A confiança da audiência é fundamental, e a prática de publicar conteúdo gerado por IA sem adequada validação pode minar essa confiança.

O verão deste ano também trouxe à tona outras situações de utilização inadequada de IA, como o uso incorreto do ChatGPT por um advogado durante processos legais, que resultou em sanções. A necessidade de uma reflexão profunda sobre as implicações do uso de tecnologias avançadas nos processos editoriais é mais urgente do que nunca.

À medida que avançamos nesse novo cenário, fica claro que a ética editorial deve estar na vanguarda do jornalismo moderno. O desafio será encontrar um equilíbrio entre inovações tecnológicas e a proteção da integridade das informações divulgadas, em um mundo cada vez mais digital.

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