O Irmão Roger, fundador da Comunidade Monástica Ecumênica Internacional de Taizé, foi assassinado em 2005 durante uma oração noturna. Sua vida e mensagem de paz são um farol em meio aos conflitos que ainda assolam o mundo, como os da Ucrânia e da Terra Santa. O atual prior da comunidade, Irmão Matthew, ressalta: “Nossa comunidade foi fundada durante a Segunda Guerra Mundial, e isso nos ensinou a estar próximos de todos os povos que sofrem.”
O legado de Irmão Roger
Sua figura e sua mensagem são mais necessárias do que nunca. Vinte anos após seu falecimento, o mundo ainda se vê dilacerado por guerras intermináveis e conflitos esquecidos, como os que ocorrem na República Democrática do Congo e em Mianmar. O velho conceito de unidade que Irmão Roger cultivou continua a ressoar na comunidade de Taizé e ao redor do mundo. “Ele via a comunidade eclesial como um mistério de comunhão”, destaca Irmão Matthew. Para ele, o testemunho de reconciliação é essencial em um mundo repleto de ódio e divisão.
Um abrigo em tempos de guerra
Quando o Irmão Roger chegou ao vilarejo de Taizé em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, ele se deparou com um cenário de desespero e necessidade. “Ele abriu sua casa aos refugiados judeus que se encontravam em uma situação delicada e perigosa”, conta o Prior. Esse gesto de acolhimento não apenas estabeleceu as bases da comunidade, mas também exemplifica a missão de Taizé de fomentar unidade entre cristãos de diferentes denominações. “Nossa comunidade foi fundada em tempos de guerra, e isso nos ensina a estar próximos de todos os povos que sofrem”, reforça Irmão Matthew.
Os pilares de uma nova comunidade
A comunidade de Taizé foi estabelecida sobre três pilares: união de cristãos de diversas denominações, oração comunitária e acolhimento dos necessitados. Irmão Matthew destaca o esforço contínuo da comunidade para promover a corresponsabilidade, impulsionado pelo recente Sínodo sobre a Sinodalidade. “A escuta recíproca sempre foi e continua sendo fundamental para nós”, explica, pontuando como essa prática permite um crescimento espiritual mutual entre os membros da comunidade.
Um chamado de Deus
A escolha de Irmão Roger de permanecer em Taizé após deixar a Suíça foi, de certo modo, um chamado de Deus. Ele também buscou estar próximo dos pobres. Irmão Matthew narra que Roger não possuía bens materiais e, em sua simplicidade, ouviu a voz de uma senhora idosa que lhe pediu para ficar. Essa experiência, segundo ele, simboliza o verdadeiro propósito da vida comunitária.
Esperanças em tempos de crise
O mundo atual se enfrenta a crises constantes, mas a mensagem de paz e reconciliação de Irmão Roger continua a inspirar muitos. O trabalho da comunidade de Taizé reflete uma luz de esperança, especialmente em momentos sombrios. “A necessidade da unidade é cada vez mais urgente em nossa sociedade, marcada por conflitos e divisões”, finaliza Irmão Matthew, enfatizando que a experiência de dois anos sem o fundador foi uma oportunidade de aprofundar o entendimento de sua visão.
Assim, a Comunidade de Taizé permanece viva e atuante, levando a mensagem de seu fundador a corações ao redor do mundo, fazendo ecoar a importância da paz e da escuta mútua em uma sociedade que muitas vezes se vê marcada pela intolerância e pela desunião.
Momento de oração na Capela da Reconciliação, na Comunidade de Taizé, França.
O legado do Irmão Roger continua a oferecer consolo e inspiração, provando que o amor e a união são possíveis mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras. A trajetória da Comunidade de Taizé, portanto, é uma história de esperança que ressoa, especialmente em um momento em que o mundo clama por paz.