O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DJ), conduzido por Pamela Bondi, indicou a possibilidade de a presidente do Fed, Jerome Powell, “remover” Lisa Cook do cargo de governadora, após alegações de fraude envolvendo hipotecas feitas por um alto funcionário do governo Trump. Através de uma mensagem dirigida a Powell, Ed Martin, uma figura influente do DOJ, reforçou a sugestão de investigação aprofundada e de uma possível remoção de Cook, que foi nomeada na administração do presidente Joe Biden.
Pressões políticas e acusações de fraude na gestão de hipotecas
Na última quarta-feira, Trump utilizou suas redes sociais para exigir a renúncia de Lisa Cook, primeira mulher negra a integrar o Conselho de Governadores do Fed. O ex-presidente argumentou que há suspeitas sérias contra ela, relacionadas à obtenção de hipotecas com condições favoráveis, que poderiam configurar fraude. Cook, por sua vez, afirmou que não tem intenção de renunciar e que seu mandato, que se estende até 2038, continuará normalmente.
Investigações e acusações formais
O diretor da Agência Federal de Financiamento Habitacional dos EUA, William Pulte, nomeado por Trump, enviou uma carta ao departamento de Bondi e a Ed Martin sugerindo que Lisa Cook teria cometido crime ao falsificar documentos de hipotecas em 2021, relacionados a imóveis em Michigan e Geórgia. Segundo Pulte, ela obteve duas hipotecas, uma de US$ 203 mil e outra de US$ 540 mil, com condições que obrigavam a residir no imóvel pelo menos um ano, cláusula que, segundo ele, pode ter sido violada.
Implicações na composição do Conselho do Fed
A saída de Lisa Cook facilitaria a indicação de um nome republicano para sua vaga, reforçando a presença de indicados do presidente Donald Trump na autoridade monetária. Uma outra diretora, Adriana Kugler, também nomeada por Biden, renunciou ao cargo no início do mês, deixando a vaga aberta para um indicado por Trump, o que pode alterar a balança de poder no Conselho.
Reações e o impacto na política monetária
Trump tem feito ataques frequentes à política de juros do Banco Central, liderado por Powell, que foi indicado por ele mesmo. A tentativa de pressionar os moradores da diretoria do Fed com acusações de fraude alimenta dúvidas quanto à autonomia do banco central americano, em um momento de forte disputa política. Powell tem mandato até janeiro de 2028, mas sua permanência no cargo pode ser ameaçada, dependendo do desfecho desse caso e do cenário político.
Repercussões e próximos passos
Em 15 de agosto, William Pulte alegou que Lisa Cook pode ter cometido fraude ao adquirir hipotecas em 2021, ao supostamente atender a requisitos de empréstimo de forma fraudulenta. Essa acusação aumenta a pressão sobre Cook, que enfrentou resistência durante sua confirmação no Senado, concluída apenas após voto de desempate da vice-presidente Kamala Harris. Uma eventual saída dela do Fed, além de abrir espaço para um novo nome, reacende debates sobre a autonomia da política monetária nos EUA.
Especialistas avaliam que a tentativa de remover Lisa Cook pode afetar a credibilidade da instituição e gerar incertezas adicionais no mercado financeiro. Enquanto isso, o desfecho do conflito político na Casa Branca e na autoridade monetária permanece incerto, com possíveis repercussões na política de juros e na economia norte-americana.
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