Brasil, 21 de agosto de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Brasil lidera exportações de algodão, enquanto EUA questionam crescimento brasileiro

National Cotton Council dos EUA pede análise do crescimento do algodão brasileiro na investigação de Trump, sem citar o setor na Seção 301

O National Cotton Council (NCC), associação de produtores de algodão dos Estados Unidos, solicitou participação na audiência de investigação do Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) contra o Brasil, marcada para 3 de setembro. A entidade alegou preocupações com o avanço do Brasil no mercado internacional de algodão e pediu que a USTR examine as políticas brasileiras.

Disputa pelo mercado global de algodão

Na solicitação, o NCC destacou o aumento “dramático” da produção e exportação de algodão pelo Brasil, além de apontar preocupações ambientais, como a degradação do Cerrado, e impactos políticos relacionados às políticas governamentais de apoio à expansão internacional do país.

“Agradecemos ao Presidente Trump e à USTR pela abertura desta investigação e solicitamos que avaliem cuidadosamente as políticas do Brasil, que impulsionaram seu crescimento nas exportações e representam desafios ao comércio norte-americano”, afirmou a associação.

Brasil e EUA na disputa pelos mercados

Apesar de o algodão não ter sido citado explicitamente na Seção 301, a preocupação dos EUA revela a disputa renovada pelo mercado global da commodity. No último ano, o Brasil se tornou o maior exportador mundial de algodão, assumindo a liderança pela primeira vez na história.

Segundo Dawid Wajs, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (ANEA), o Brasil exportou 1,493 milhão de toneladas no primeiro semestre do ciclo 2024/25, maior volume para esse período, consolidando a posição de líder global. As cifras indicam que, mesmo com o início mais lento da safra 2025/26, a previsão é de cerca de 2,97 milhões de toneladas, mantendo a supremacia.

Investimentos e avanços na produção brasileira de algodão

Wajs ressaltou que o crescimento brasileiro é resultado de décadas de investimentos em tecnologia, profissionalismo e inovação, especialmente no Cerrado, que passou de solo pobre a uma das regiões agrícolas mais produtivas do mundo, onde mais de 92% da área é cultivada sem irrigação.

Segundo ele, esse avanço garante competitividade de custo e alta qualidade da fibra, rivalizando com origens tradicionais do mercado internacional. O Mato Grosso permanece como maior produtor, com cerca de 1,5 milhão de hectares, seguido pela Bahia e outros estados como Minas Gerais, Piauí, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Diversificação do mercado e impacto ambiental

Wajs também destacou a redução da participação da China nas exportações brasileiras, que caiu de mais de 50% para aproximadamente 17%, refletindo maior diversificação. A iniciativa faz parte do programa Cotton Brazil, uma parceria da ANEA com a ApexBrasil.

Ele também defendeu o algodão como fibra sustentável, enfatizando que o mundo precisa aumentar o consumo de fibras naturais para combater a poluição por microplásticos e impactos na saúde, ressaltando a importância de escolhas ambientais corretas.

Histórico de disputas e relações comerciais

Disputas por esse mercado não são novas. Em 2002, o Brasil recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra subsídios americanos considerados ilegais, e, sob os governos Lula, obteve ganhos em tribunais multilaterais, com a OMC autorizando retaliações de até US$ 295 milhões contra os EUA. O argumento brasileiro é que subsídios anuais de cerca de US$ 3 bilhões sustentam a produção americana.

A disputa segue acirrada, refletindo interesses econômicos e políticos entre os dois maiores exportadores mundiais do algodão.

Fonte: O Globo

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes