A Receita Federal divulgou, nesta quinta-feira (21/8), que a arrecadação referente ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) atingiu o montante de R$ 6,55 bilhões no mês de julho. Esse valor representa um crescimento real (ajustado pela inflação) de 13,05% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, quando foram arrecadados R$ 5,8 bilhões, resultando em uma diferença de aproximadamente R$ 756 milhões.
Destaques da arrecadação do IOF em julho
Segundo a Receita Federal, o aumento significativo na arrecadação pode ser atribuído, principalmente, às operações relacionadas à saída de moeda estrangeira, a títulos e valores mobiliários, e às operações de crédito voltadas para pessoas jurídicas.
A seguir, um detalhamento dos valores arrecadados com o IOF em julho:
- Operações de crédito para pessoas jurídicas: R$ 1,5 bilhão
- Operações de crédito para pessoas físicas: R$ 2,6 bilhões
- Operações de crédito para saída de moeda: R$ 1,1 bilhão
- Operações de câmbio para entrada de moeda: R$ 132 milhões
- Títulos ou valores mobiliários: R$ 391 milhões
- Seguros: R$ 819 milhões
- Demais: R$ 34 milhões
Expectativas superadas pela arrecadação
O valor arrecadado em julho superou as expectativas iniciais do secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas. Ele havia projetado que a arrecadação com o IOF atingiria uma média de R$ 1,6 bilhão por mês. Em comparação, o total acumulado até julho de 2025 somou R$ 43,52 bilhões, em contraste com R$ 39,77 bilhões no mesmo período do ano passado.
Os números do primeiro semestre de 2025 revelam a seguinte arrecadação:
- Operações de crédito para pessoas jurídicas: R$ 9,5 bilhões
- Operações de crédito para pessoas físicas: R$ 18,6 bilhões
- Operações de crédito para saída de moeda: R$ 5,6 bilhões
- Operações de câmbio para entrada de moeda: R$ 1 bilhão
- Títulos ou valores mobiliários: R$ 2,5 bilhões
- Seguros: R$ 6 bilhões
- Demais: R$ 239 milhões
Contexto e impasses sobre o IOF
A situação do IOF também envolve um contexto político complexo. Em 22 de maio, o governo federal anunciou um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no Orçamento e, no mesmo dia, publicou um decreto que elevava as alíquotas do IOF para operações de crédito, câmbio e seguros. Contudo, devido à pressão do setor produtivo, o governo retrocedeu parcialmente e editou mudanças no decreto horas depois, o que gerou reações negativas no mercado financeiro e no Congresso.
As etapas seguintes incluíram negociações entre os presidentes da Câmara e do Senado com o Planalto para encontrar alternativas ao aumento do IOF. Após reuniões, o governo se comprometeu a apresentar novas propostas. A situação culminou em uma audiência de conciliação entre os Poderes no Supremo Tribunal Federal (STF), em julho, mas sem uma solução definitiva.
Os desdobramentos da questão foram complexos e envolveram ações judiciais que questionaram a eficácia dos decretos. A tensão entre o Executivo e o Legislativo continua, refletindo a necessidade de contar com uma solução duradoura e que atenda às demandas do setor financeiro e da população.
O aumento na arrecadação do IOF em julho, por um lado, indica uma reação do mercado às políticas fiscais e econômicas adotadas, mas por outro, evidencia os desafios que o governo enfrenta para manter um diálogo produtivo com o Legislativo e o setor produtivo.
Com o imbróglio em torno do IOF, a expectativa é que novos movimentos das autoridades governamentais e do Congresso possam trazer clareza e estabilidade ao sistema econômico brasileiro, permitindo um ambiente de negócios mais saudável para todos os envolvidos.