A recente formação da federação entre União Brasil e PP trouxe à tona uma nova supermáquina partidária no Brasil, com um discurso oposicionista que, curiosamente, não se traduz em uma entrega dos cargos atuais no governo. Com o controle de quatro ministérios, além da Caixa Econômica Federal e da Codevasf, essa aliança já se posiciona como uma força significativa no cenário político nacional.
A grandiosidade da aliança
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, descreveu a nova aliança como um “movimento político grandioso”. Até o momento, essa união parece mais um grande negócio para os dirigentes envolvidos, que devem almejar a fatia de quase R$ 1 bilhão do fundo eleitoral para as eleições de 2026. A expectativa é de que essa quantia não apenas fortaleça a federação, mas também amplie a sua influência nas decisões políticas do país.
O peso político da federação
A União Progressista se destaca como uma das maiores forças no Congresso Nacional, controlando as mais significativas bancadas da Câmara e do Senado, com 109 deputados e 15 senadores. No entanto, mesmo com essa relevância, a possibilidade de um candidato próprio ao Planalto ainda não está concreta. Ciro Nogueira, presidente do PP, revelou que, embora existam grandes nomes disponíveis, pode não ser o momento adequado para lançar uma candidatura presidencial.
Descontentamento entre aliados
Essa posição surpreendeu alguns aliados, como o governador Ronaldo Caiado, que havia se colocado como uma opção para “libertar o Brasil das garras do PT”. Sem apoio dos próprios membros de sua aliança, Caiado poderá ser obrigado a mudar seus planos e disputar uma vaga de senador por Goiás, o que marca uma reviravolta significativa em suas ambições políticas.
Futuro incerto com Tarcísio de Freitas
Embora a parceria entre União Brasil e PP defenda publicamente o apoio a Tarcísio de Freitas, que atualmente está no Republicanos, não se pode ignorar as desavenças internas. O comentário do vereador Carlos Bolsonaro, que criticou os governadores de direita, indica que a união enfrentará desafios para alinhar suas estratégias políticas e eleitorais no futuro.
Legado da Arena e discursos superlativos
A União Brasil e o PP se apresentam como herdeiros da Arena, partido que se declarou “o maior do Ocidente” durante a ditadura militar. Durante a solenidade de lançamento da federação, algumas figuras políticas elevaram ainda mais o tom das declarações, com o governador do Amazonas, Wilson Lima, proclamando que esta é “a maior união política de todos os tempos”, enquanto o governador de Roraima, Antonio Denarium, a descreveu como um “momento único na história do Brasil”.
Um Centrão mais forte
Por outro lado, a falta de propostas solidificadas e a ausência de ideias claras levaram os oradores a discursos vagos. O próprio Davi Alcolumbre, em suas declarações, informou que a federação não será “de oposição nem de situação”, enquanto o deputado Arthur Lira destacou a intenção do bloco em “dialogar com tudo e todos o tempo todo”. Essa abordagem, no entanto, pode implicar em custos elevados para o governo, que deve negociar com um “Centrão com esteroides”, um termo utilizado para caracterizar a força ampliada e a influência dessa nova coalizão.
Ainda é incerto como essa supermáquina política se comportará diante dos desafios que se avizinham. Contudo, o que se percebe é que a União Brasil e o PP estão se preparando para ser protagonistas no jogo político nacional, mesmo que sem um rumo claro ou uma liderança definida no momento.
À medida que as eleições se aproximam, os desdobramentos dessa federação e suas estratégias poderão trazer novas dinâmicas ao cenário político brasileiro, envolvendo alianças, desavenças e, possivelmente, novas oportunidades.