O presidente Donald Trump anunciou nesta semana que pode reconsiderar as restrições federais sobre o uso de maconha, avaliando sua possível reclassificação para a Schedule III, o que gerou reações diversas entre especialistas, religiosos e legisladores nos Estados Unidos.
Potencial mudança na classificação da maconha
Atualmente, a maconha é classificada como substância de Schedule I pelo governo federal, destaque que indica drogas com “nenhum uso médico reconhecido e alto potencial de abuso”, conforme a DEA. Trump afirmou na coletiva de 11 de agosto que está considerando reclassificá-la para a Schedule III, com potencial moderado a baixo de dependência física e psicológica, possivelmente reduzindo penalidades criminais e facilitando novas pesquisas médicas.
Impactos na legislação e na sociedade
Se a reclassificação ocorrer, ela não eliminaria a proibição federal, mas poderia abrir espaço para maior regulamentação e uso medicinal, além de reduzir punições por posse de pequenas quantidades. O especialista Charles Nemeth, diretor do Centro de Justiça Criminal, Lei e Ética na Franciscan University, explica que a mudança no grau de classificação “afetaria as ações de aplicação da lei”, tornando mais difícil a caracterização de crimes relacionados ao uso ou comercialização.
Preocupações morais e de saúde
Especialistas religiosos e acadêmicos destacam riscos associados ao consumo recreativo da maconha. O Catecismo da Igreja Católica condena o uso de drogas que possam prejudicar a saúde, considerando-o uma “ofensa grave”.
O neurocientista e analista ético Padre Tadeusz Pacholczyk alerta para os efeitos adversos do consumo de maconha no desenvolvimento cerebral, especialmente em adolescentes, destacando a redução da conectividade neural e prejuízos ao desempenho acadêmico, além de possíveis danos à fertilidade. “O consumo constante de maconha é contrary ao florescimento humano”, afirma Pacholczyk.
Perspectiva moral e social
O especialista em ética cristã também adverte que a legalização pode aumentar o uso abusivo, levando ao aumento de comportamentos irresponsáveis e comprometimento do bem comum. A análise moral de Jimmy Akin, apólogo da Catholic Answers, reforça a ideia de que substâncias psicoativas, como a maconha, representam um risco moral e ético, sobretudo quando usadas de forma a alterar a razão de maneira excessiva.
Uso medicinal sob críticas
Embora a mudança na classificação possa facilitar pesquisas sobre usos medicinais, especialistas alertam que a eficácia do uso terapêutico da maconha ainda é motivo de debate. Nemeth revela que a maioria das aplicações medicinais é baseada em alternativas que preservam a integridade mental, além de alertar que o uso de cannabis para condições de ansiedade ou depressão muitas vezes mascara sintomas, ao invés de tratar a causa.
Algumas instituições de saúde católicas, como hospitais vinculados à Igreja, investigaram o uso medicinal do cannabis como substituto para opioides, mas os estudiosos recomendam cautela na adoção, sempre considerando a ciência e os benefícios reais versus os riscos.
O caminho à frente
Segundo fontes próximas ao governo, a próxima etapa será a análise formal pela Casa Branca, que poderá liberar uma norma provisória para avaliar os efeitos sociais e jurídicos da reclassificação. A expectativa é de que a decisão final seja divulgada nas próximas semanas, com possíveis mudanças na legislação ocorrendo ao longo do final de 2025.