Na noite desta quarta-feira (20/8), o Senado Federal aprovou o requerimento que estabelece a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Adultização. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União/AP), leu a justificativa que busca investigar a crescente preocupação com a sexualização de crianças e adolescentes na internet.
Composição e objetivos da CPI
A nova CPI será composta por onze membros titulares e sete suplentes, com um limite de despesa de R$ 400 mil e um prazo de atuação de 180 dias. A comissão terá a missão de apurar irregularidades e crimes cometidos contra menores, além de examinar a influência de plataformas digitais e influenciadores na disseminação de conteúdos que sexualizam jovens.
O estabelecimento dessa CPI surge em um momento crítico, em que as notícias sobre a exploração sexual de adolescentes ganham destaque, especialmente após vídeos compartilhados nas redes sociais que expõem situações perturbadoras envolvendo jovens. Davi Alcolumbre sublinhou a urgência da situação ao afirmar que os abusos precisam ser não apenas investigados, mas combatidos com seriedade e determinação.
The Felca Case and its Implications
O tema da adultização de crianças e adolescentes ganhou uma nova dimensão recentemente devido ao caso do influenciador Felipe Bressanim, conhecido como Felca. Ele denunciou o youtuber Hytalo Santos por sua suposta exploração sexual de menores em suas publicações.
No vídeo que Felca publicou, o influenciador critica Hytalo Santos por promover conteúdos considerados inadequados, nos quais crianças e adolescentes aparecem em situações comprometedoras. Ao descrever o material como “nefasto” e um “circo macabro”, Felca enfatiza a seriedade da questão ao afirmar que Hytalo usa a sexualização de jovens como estratégia para aumentar seu engajamento.
Impacto das Redes Sociais
A atuação de influenciadores digitais em plataformas como YouTube e Instagram levanta alertas sobre a responsabilidade que têm ao criar conteúdos destinados a públicos jovens. Felca enfatiza que os jovens envolvidos em conteúdos de Hytalo Santos estão expostos a situações que não são compatíveis com sua idade e seu desenvolvimento emocional.
“Uma das situações mais alarmantes é o caso envolvendo crianças em contextos de adultização promovidos por Hytalo Santos e outros influenciadores,” explicou Felca. “Esses conteúdos criam um desconforto, pois retratam crianças em ambientes não apropriados para sua faixa etária, como festas que misturam álcool e intimidade,” continuou.
A necessidade de uma resposta legislativa
Com o desdobramento desses casos, a CPI da Adultização se torna um ponto crucial no combate a abusos que já não podem ser ignorados. A Comissão não apenas investigará os atos de exploração, mas também buscará formas de regulamentar o uso responsável de plataformas digitais, visando proteger crianças e adolescentes de conteúdos prejudiciais.
Alcolumbre afirmou que o foco da comissão será a apuração das denúncias, reconhecendo que é necessário um olhar mais crítico sobre o papel de influenciadores e o impacto de suas postagens. “Acredito que esta CPI é uma oportunidade para discutirmos e implementarmos soluções concretas para lidar com essa questão que atinge a base da nossa sociedade: nossas crianças,” finalizou.
Próximos Passos da CPI
Os próximos passos envolvem a nomeação dos membros da comissão e o início dos trabalhos de investigação. É esperado que a CPI colete depoimentos, analise conteúdos e busque cooperação das plataformas para obter informações relevantes sobre a atuação de influenciadores que possam estar violando normas de proteção à infância.
Com o Brasil se deparando com escândalos de exploração de menores e a necessidade de uma resposta firme, a criação da CPI da Adultização pode abrir portas para um debate mais abrangente sobre como proteger as gerações mais jovens dos riscos existentes no ambiente digital. O desejo é que, ao final do prazo de 180 dias, a CPI consiga não apenas esclarecer, mas também oferecer recomendações e políticas públicas que garantam a proteção das crianças e adolescentes em nosso país.
A continuidade dessa discussão passa por uma maior conscientização de todos os envolvidos: famílias, educadores, legisladores e, principalmente, influenciadores, que devem entender o impacto de suas ações.