Samir Xaud é o novo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), eleito no fim de maio em um contexto de turbulência devido ao afastamento de seu antecessor, Ednaldo Rodrigues. Em seus primeiros meses de mandato, Xaud já lançou importantes iniciativas, como a criação de um grupo de trabalho para estabelecer as regras do Fair Play Financeiro até novembro e iniciou debates sobre o calendário das competições e a arbitragem. Em entrevista ao podcast “Toca e Passa”, ele abordou esses temas e suas implicações para o futebol brasileiro.
O que é o Fair Play Financeiro?
O conceito de Fair Play Financeiro não deve ser confundido com uma restrição total aos gastos dos clubes. Segundo Xaud, a ideia central é buscar a autossustentabilidade dos clubes brasileiros. “Não será um mecanismo para punir os clubes, nem limitar o recebimento de investimentos. Você só pode gastar o que recebe”, explica. Essa regra visa garantir que os clubes operem dentro de suas possibilidades financeiras, evitando assim a contratação de jogadores com custos desproporcionais às suas receitas.
A importância do diálogo com os clubes
Para a implementação do Fair Play Financeiro, a CBF iniciou discussões envolvendo clubes e federações para construir um modelo que se encaixe na realidade do futebol brasileiro. “Fizemos questão de fazer isso em conjunto”, afirma Xaud. O primeiro passo inclui um prazo de 90 dias para desenvolver uma proposta que reflita um modelo adaptado ao Brasil, a partir de experiências internacionais, incluindo palestrantes da UEFA que compartilharam suas práticas.
Caminho para a definição das regras
O documento resultante dessas conversas não será necessariamente o regulamento final, mas sim uma proposta mais adequada que iniciará um cronograma para a implementação de regras. Observando a experiência europeia, onde o processo de adaptação levou cerca de dez anos, Xaud reconhece que a transição será gradual. “Primeiro, moldamos o melhor plano, depois seguimos para o processo de transição e implementação”, esclarece.
A relação entre receitas e gastos dos clubes
A discussão sobre a relação entre receitas e gastos tem gerado expectativa e até clubes insatisfeitos, que muitas vezes fazem contratações além de suas capacidades financeiras. “A ideia é nivelar essa relação entre receita e gasto”, diz Xaud, destacando que o objetivo é ter um campeonato mais equilibrado, onde todos os clubes possam competir em condições iguais.
Reformulação do calendário do futebol brasileiro
Além da criação do Fair Play Financeiro, a reforma do calendário das competições é uma prioridade para a nova gestão da CBF. Xaud anunciou que os Estaduais devem ser reduzidos para 11 datas a partir de 2026, uma medida que deve, em parte, beneficiar os clubes das Séries A e B que participam de competições internacionais. “Isso está sendo discutido com os presidentes de federações”, explicou Xaud, ressaltando a importância de um calendário mais racional.
A reformulação também se estende a outras competições, como a Série D e a Copa Verde, a fim de acomodar o calendário com mais precisão e prudência, especialmente em um ano marcado por eventos como a Copa do Mundo.
Perspectivas para a arbitragem e o futuro
Investir na arbitragem é outra prioridade para Samir Xaud, que defende a educação continuada dos árbitros. Até agora foram realizados treinamentos para árbitros das Séries A e B, e a implementação do impedimento semiautomático está prevista para 2026. “Estamos trabalhando para capacitar a arbitragem e preparar o terreno para a tecnologia”, afirma.
Enquanto isso, a questão da seleção e a possibilidade de renovação do contrato com o técnico Carlo Ancelotti são consideradas ainda como projeto futuro. “É passo a passo, um dia de cada vez”, pontua Xaud sobre o tema.
Com um enfoque em modernização e sustentabilidade, a gestão de Samir Xaud na CBF promete trazer não apenas mudanças nas regras financeiras, mas uma nova era de profissionalização do futebol brasileiro.
Acompanhe os próximos passos e informações relevantes sobre as mudanças na CBF e os desdobramentos do futebol no Brasil.