Na manhã desta quarta-feira (20), centenas de pessoas se reuniram em Ilhéus, na Bahia, para um protesto em favor do fim da violência contra a mulher, em meio a um clima de indignação e tristeza após a descoberta de três corpos femininos na Praia dos Milionários, uma das áreas mais turísticas da cidade. A manifestação ocorrou na mesma semana em que as vítimas foram encontradas, evidenciando a urgência e a necessidade de respostas nas investigações. Até o momento, nenhuma linha de investigação ou suspeito foi identificado, o que intensifica a preocupação da comunidade.
Incidente trágico mobiliza a comunidade
O protesto foi conduzido por diversas mulheres e homens que buscam justiça e segurança. Um dos cartazes que se destacaram na multidão dizia: “A vida começa quando a violência acaba”. O caso das professoras Alexsandra Oliveira Suzart e Maria Helena do Nascimento Bastos, além da filha de Maria Helena, a estudante Mariana Bastos, gerou grande comoção. As três mulheres desapareceram na tarde de sexta-feira (15), depois de saírem para um passeio na praia. Seus corpos foram descobertos no dia seguinte, em uma tragédia que abalou a localidade.
Testemunhas afirmaram que uma gravação de segurança mostra as vítimas caminhando na areia com seu cachorro, momentos antes de serem tragicamente assassinadas. A polícia está revisando as imagens obtidas de pelo menos 15 câmeras de segurança da região, tentando entender os eventos que culminaram nessa violência brutal.
Clamor por mudanças e segurança
O protesto desta quarta-feira não foi o primeiro. Moradores de Ilhéus se mobilizaram pela primeira vez no último domingo (17), no fim de semana em que os corpos foram encontrados, expressando frases impactantes como “Mulher não é propriedade” e “Parem de nos matar”. Em ambos os eventos, os manifestantes exibiram cartazes, faixas e balões lilás, uma cor simbólica que representa o “Agosto Lilás”, mês dedicado ao combate à violência contra a mulher, reforçando a necessidade de se discuti r a questão da segurança feminina na sociedade.
Perda e dor para a comunidade
As vítimas, que eram vizinhas e colegas de trabalho no Centro de Referência à Inclusão, uma unidade de educação da rede municipal, deixaram um vazio profundo na comunidade. De acordo com uma amiga das professoras, elas “davam a alma pelos alunos” e eram conhecidas por seu engajamento e dedicação educacional. Mariana, que tinha apenas 20 anos, era universitária e tutora do cachorro que acompanhou as mulheres na fatídica caminhada. O animal foi encontrado com vida, amarrado a uma árvore próxima aos corpos das vítimas, e agora está sob os cuidados de familiares das mulheres.
Investigações em andamento
A Polícia Civil afirmou que ainda não há uma linha de investigação definida sobre os crimes e que todas as possibilidades estão sendo analisadas. Na tentativa de descobrir mais informações, a Polícia Técnica fez uma nova varredura na área de mata onde os corpos foram encontrados, em busca de qualquer evidência que possa ajudar a elucidar o caso. A sociedade civil, por sua vez, continua a pressionar por respostas e, principalmente, por justiça para as vítimas e suas famílias.
Esse triste episódio lança luz sobre a necessidade urgente de um debate mais aprofundado sobre a segurança das mulheres em espaços públicos e a implementação de políticas eficazes de proteção, além de serviços adequados de apoio psicológico e jurídico para as vítimas de violência.
Enquanto as investigações prosseguem, a comunidade de Ilhéus clama, mais uma vez, por justiça e respeito, reforçando que a luta pelo fim da violência contra a mulher não deve e não pode ser silenciada.
Para mais informações e serviços de apoio, acesse: g1 Bahia.