Brasil, 20 de agosto de 2025
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Por que os jovens pedem mais demissão? Veja como pensa cada geração

Estabilidade, propósito e flexibilidade moldam a nova relação dos jovens com o mercado de trabalho, em contraste com gerações anteriores

Aurélio Santana, 66 anos, passou 43 anos na mesma empresa, enquanto Raphaella Abrahão, 22 anos, mudou de emprego seis vezes nos últimos seis anos. Essa diferença exemplifica a mudança no conceito de sucesso profissional ao longo das décadas, refletindo as transformações nas prioridades das gerações.

O que cada geração valoriza na carreira?

As gerações mais antigas, como os baby boomers, cresceram com a expectativa de estabilidade e ascensão por tempo de serviço. “Trabalho agora para viver melhor depois”, dizia o lema, apoiado por mercados que ofereciam empregos com direitos garantidos e planos de carreira linear. Aurélio, que somente após aposentado se dedicou à marcenaria, acredita que o sucesso está em alcançar conforto financeiro e ajudar a família.

Já os jovens da geração Z priorizam ambientes de trabalho flexíveis, empresas com propósito e oportunidades de crescimento acelerado. Raphaella explica que “estabilidade nunca foi meu objetivo. Quero aprender e me desenvolver a todo momento”. Essa mentalidade de job hopping — ou salto de emprego — é vista por eles como uma estratégia deliberada de busca por experiências que façam sentido.

Transformações estruturais e o cenário atual

Segundo o sociólogo Ricardo Nunes, a rotina de mudanças rápidas no mercado de trabalho é uma resposta às transformações econômicas das últimas décadas. “Os jovens aprenderam cedo que precisam se virar para sobreviver”, afirma. Diferente do modelo do “trabalhar para viver melhor”, hoje os jovens enfrentam um cenário de precarização e automação, o que traz instabilidade e demanda maior adaptabilidade.

Essa nova lógica faz com que o job hopping não seja mais visto como sinal de indecisão, mas como um comportamento estratégico. Empresas, por sua vez, precisam repensar suas estratégias de atração e retenção, valorizando fatores além do salário, como propósito, reconhecimento e oportunidades de crescimento.

Impactos da alta rotatividade e convivência intergeracional

Dados do Ministério do Trabalho apontam que jovens de 18 a 24 anos permanecem, em média, apenas 12 meses no mesmo emprego. A rotatividade, apesar de sinal de inquietação, é uma resposta às novas demandas por aprendizado e realização rápida. Contudo, ela traz custos para as empresas, como aumento de despesas com recrutamento e impacto na cultura organizacional.

Para lidar com esse cenário diverso, é fundamental promover uma convivência intergeracional saudável. Cada geração traz seus valores e expectativas, e o diálogo é essencial para transformar diferenças em força. Sylene Nakano, gerente na Ford, destaca a importância de programas de mentoria reversa, inclusão e projetos colaborativos que conectem experiências diversas.

Especialistas sugerem ações como mentorias internas, planos de carreira transparentes e espaços de participação ativa para os jovens, contribuindo para maior engajamento e fidelidade. Empresas que oferecem experiências desafiadoras, horários flexíveis e ambiente de diálogo têm maior sucesso em reter os talentos mais jovens, como a Cosan e a Ford, que incentivam a autonomia e a inovação dentro de suas equipes.

Por que tantos profissionais preferem se demitir ao trabalho remoto?

O desejo por autonomia e equilíbrio entre vida pessoal e profissional tem impulsionado a preferência pelo home office entre os jovens. Muitos profissionais estão dispostos a pedir demissão ao sentir que o ambiente de trabalho não atende às suas expectativas de flexibilidade, reconhecimento e propósito. Segundo o levantamento do Ministério do Trabalho, a facilidade de recolocação e o desejo de autodesenvolvimento fazem parte dessa nova cultura de mobilidade rápida.

Para expertos, essa revolução traz desafios para as organizações, que precisam oferecer condições diferenciadas para manter seus talentos. Flexibilidade, planos de carreira claros e ações que promovam propósito no trabalho são estratégias essenciais para fidelizar esses profissionais que, hoje, buscam mais do que estabilidade: desejo de realização.

Mais detalhes sobre essa evolução no mercado de trabalho podem ser conferidos em esta matéria do G1.

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