Em uma área marcada por desafios, o reverendo Corey Brooks, conhecido como o “Pastor do Telhado”, está se empenhando em criar uma mudança significativa na comunidade do South Side de Chicago. Localizado a menos de um quilômetro do imponente Centro Presidencial Obama, que custou mais de $830 milhões, Brooks está erguendo o Centro de Liderança e Oportunidade Econômica, um projeto de $47 milhões que promete ser um farol de esperança e desenvolvimento social.
A missão de transformação comunitária
Brooks, que lidera a organização Project HOOD, tem como objetivo oferecer mentoring e apoio a jovens que enfrentam a pobreza, em uma região amplamente conhecida pelas suas dificuldades socioeconômicas. Ao contrário do que muitos têm considerado como abordagens tradicionais, Brooks enfatiza que a verdadeira transformação não vem do governo, mas do trabalho árduo e da criação de oportunidades.
O reverendo, que ganhou notoriedade por passar 94 dias vivendo em um telhado em 2021-2022 para arrecadar fundos para o seu centro, está agora planejando uma caminhada de um ano, atravessando 3.000 milhas a partir de Nova York em setembro. A intenção de Brooks é levantar recursos e chamar a atenção para sua visão de que pessoas de cor não precisam ser tratadas como vítimas oprimidas.
Desafios e resistência à sua visão
Apesar de sua paixão e determinação, a visão de Brooks para o Centro de Liderança e Oportunidade Econômica não encontrou a acolhida esperada entre os líderes políticos de Chicago. “É parcialmente por causa da minha filosofia conservadora”, afirma. “Crenças de que somos vítimas são incompatíveis com aquilo que costumo dizer: não temos que esperar pelo governo”.
Brooks critica abertamente a ideologia que permeia projetos como o Centro Obama e o movimento Black Lives Matter, argumentando que tais iniciativas perpetuam uma mentalidade de dependência. Para ele, o centro que está construindo se concentra na criação de oportunidades e não na igualdade de resultados. “Diferente da mentalidade focada na cor da pele, meu foco é no caráter e na ética de trabalho”, diz.
Um centro para a comunidade
O novo centro de 7.800 metros quadrados, que estará situado em frente à Igreja New Beginnings, onde Brooks já ajudou a guiar jovens problemáticos por mais de 25 anos, oferecerá uma série de serviços, incluindo um programa educativo para jovens expulsos de escolas públicas. Brooks acredita que seu trabalho já começou a transformar vidas e que o impacto de seu centro superará o do projeto Obama.
Por outro lado, o Centro Presidencial Obama tem sido criticado por moradores e líderes comunitários, que alegam que ele está contribuindo para a gentrificação da área. Inicialmente, a inauguração estava prevista para 2021, mas foi adiada para 2024 e mais uma vez para abril de 2026, um atraso que Brooks atribui às políticas desorganizadas do local.
Importância da autossuficiência
Brooks acredita que a autossuficiência, e não a dependência do governo, é a chave para a verdadeira mudança. “Centenas de milhares de dólares foram destinados a iniciativas similares nos últimos anos, mas nós, que acreditamos em soluções que não dependem do governo, precisamos ser criativos”, explica. “Eu estou caminhando para ajudar a despertar essa consciência e levantar os fundos necessários para terminar nosso centro livre de dívidas”.
Assim, através de sua mobilização e ações, Brooks está não apenas criando um espaço físico para capacitá-los, mas oferecendo uma visão e esperança para uma comunidade que há muito se sente esquecida.
Um legado para as próximas gerações
“Não quero que outra geração fique para trás”, afirma Brooks, enquanto fala sobre seu desejo de que seus netos amem a América. “Quero que eles sejam avaliados pelo conteúdo de seu caráter, não pela cor de sua pele”. Essa visão pessoal se reflete na missão de Project HOOD, que já emprega mais de 150 pessoas locais e está comprometido em moldar um futuro mais brilhante para todos.
O trabalho de Brooks é, portanto, um testemunho do poder comunitário e do papel fundamental que a liderança local pode desempenhar na transformação de vidas. “Estamos criando um movimento, e isso é o que a América urbana precisa — não apenas mais um monumento, mas oportunidades reais e tangíveis”, concluiu.