Brasil, 20 de agosto de 2025
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Medidas do governo argentino tensionam bancos em meio a onda de dólar

Novas exigências de liquidez e restrições ao peso aumentam a crise financeira e abalam rentabilidade dos bancos na Argentina

As novas medidas impostas pelo governo argentino para conter a demanda por dólares e estabilizar o peso provocaram tensões com os bancos do país. A partir de agora, eles devem cumprir requisitos de liquidez diariamente, o que gera rejeição do setor financeiro, que considera as exigências ineficientes e onerosas.

Medidas impactam bancos e reflexos na economia argentina

As principais instituições financeiras já preparam recomendações de mudanças operacionais a serem entregues ao Banco Central, segundo fontes próximas ao setor. Durante uma reunião virtual na última quinta-feira, Darío Stefanelli, chefe de emissão do banco central, afirmou que “só explica as regras”, em resposta às reclamações dos bancos, incluindo Banco Galicia, Santander, Macro e BBVA Argentina.

As tensões começaram no fim de julho, após o governo decidir vender dívida em moeda local para reduzir a procura por dólares, levando o peso a perder mais de 12% naquele mês. Essa política resultou na escassez de liquidez e na alta das taxas de juros reais, atingindo dois dígitos.

Impacto na liquidez e na rentabilidade

Em 13 de agosto, o governo conseguiu refinanciar apenas 61% da dívida em pesos, o que injetou cerca de US$ 4,6 bilhões na economia. Como consequência, o banco central elevou as exigências de reservas e adotou penalidades mais severas por descumprimento, além de ordenar que os bancos cumprissem metas de reservas diariamente.

Essas medidas elevaram o custo de captação dos bancos, que passaram a pagar mais de 100% ao ano em financiamentos de curto prazo. As taxas de recompra de um dia dispararam para 80% ao ano, enquanto os juros em títulos do governo chegaram a 71%, de acordo com dados da Bloomberg.

Desvalorização do peso e provocações políticas

Desde a posse de Javier Milei em dezembro de 2023, o peso argentino sofreu uma desvalorização de mais de 12%, a pior desde então. As ações de bancos argentinos tiveram forte queda, chegando a recuar até 8,2% em Nova York (Fonte).

Milei, que vem vetando aumentos a aposentados e pensionistas, provocou ao questionar a liberação de dinheiro: “O que esperavam? Que eu liberasse dinheiro para que atacassem a taxa de câmbio? De jeito nenhum”, afirmou em transmissão ao vivo em 28 de julho.

Impactos na rentabilidade e no sistema financeiro

As medidas fizeram as margens dos bancos diminuir ainda mais, após um ano de crescimento acelerado. Algumas instituições, como Macro, Galicia, BBVA e Santander, podem suportar o impacto, segundo especialistas. No entanto, bancos menores estão mais vulneráveis ao risco de insolvência (Fonte).

As ações do setor já recuaram até 8,2% na bolsa de Nova York, refletindo a expectativa de uma rentabilidade agravada pela alta dos custos de captação, que estão acima de 44%, bem acima da inflação projetada de 21% nos próximos 12 meses.

Crise política e perspectivas futuras

Milei, que tem resistência ao controle monetário, provocou ao dizer que as despesas com dólar são uma forma de resistência ao controle oficial. As medidas do governo conseguiram reverter parte da desvalorização do peso, essenciais para manter as perspectivas do presidente na eleição de meio de mandato.

O FMI aprovou recentement e um desembolso de US$ 2 bilhões para a Argentina, enquanto o governo tenta equilibrar a inflação, atualmente abaixo de 2% ao mês, e a escassez de liquidez que pressiona o sistema financeiro.

A maior dificuldade no momento é a deterioração da rentabilidade dos bancos, que deve impactar o setor nos próximos balanços e potencialmente levar a uma crise sistêmica, caso bancos menores não consigam suportar o impacto das restrições financeiras.

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