Na última quarta-feira (20/8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), no Palácio da Alvorada. O encontro ocorre em meio a um contexto tenso para o governo, que enfrentou sua primeira derrota na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) destinada a investigar as fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Contexto das fraudes no INSS
A investigação envolvendo o INSS ganhou força após revelações feitas pelo Metrópoles. Segundo o veículo, em março de 2024, 29 entidades que têm autorização para cobrar mensalidades de aposentados apresentaram um aumento alarmante de 300% em seu faturamento, enquanto enfrentavam mais de 60 mil processos judiciais. De acordo com dados do Tribunal de Contas da União (TCU), a arrecadação decorrente desses descontos saltou de R$ 544 milhões, em 2021, para impressionantes R$ 2,1 bilhões, em 2024.
Diante dessas denúncias, o INSS decidiu iniciar investigações internas, e a Controladoria Geral da União (CGU) junto com a Polícia Federal (PF) também lançaram apurações, que culminaram na Operação Sem Desconto. Essa operação tem como foco desbaratar as práticas ilícitas relacionadas aos descontos indevidos aplicados na folha salarial dos aposentados.
A primeira derrota do governo na CPMI
Em um cenário de descontentamento, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), indicou o senador Omar Aziz (MDB-AM) para assumir a presidência da comissão responsável pela investigação. No entanto, surpreendentemente, o senador Carlos Viana (Podemos-MG) foi escolhido para presidir a CPMI, o que representa um revés para os interesses do Palácio do Planalto.
Na relatoria, o presidente Hugo Motta havia se manifestado a favor da indicação do deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO). Contudo, em uma reviravolta, o deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) foi designado como relator da CPMI, o que também não agradou a ala governista.
Resultados da reunião no Palácio da Alvorada
Apesar das derrotas recentes, o encontro entre Lula, Hugo Motta e Rogério Carvalho não se estendeu por muito tempo, tendo início às 13h15 e se encerrado às 13h40. A rápida reunião pode indicar a urgência do governo em buscar estratégias para reverter a situação e ganhar suporte para os próximos passos na CPI.
A CPMI, composta por 16 senadores e 16 deputados titulares, além de um número equivalente de suplentes, tem o objetivo de apurar as irregularidades e os possíveis danos causados aos aposentados. As denúncias afetam diretamente a confiança na gestão do INSS e a relação dos aposentados com as entidades de previdência.
O desfecho da reunião e a resposta do governo a essa situação ainda estão por vir, mas o Partido dos Trabalhadores e seus aliados sabem que a pressão por respostas e ações efetivas em relação aos aposentados só deve aumentar, especialmente diante da expectativa da população em torno das investigações.
O desfecho da CPMI e suas repercussões terão impacto significativo na política brasileira e, principalmente, na relação do governo Lula com os eleitores, especialmente aqueles que dependem das benesses do INSS. Assim, o cenário político se torna ainda mais dinâmico e apreensivo para as lideranças envolvidas.