Brasil, 20 de agosto de 2025
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Governo dos EUA pode adquirir participação na Intel com CHIPS Act

Howard Lutnick, secretário de Comércio dos EUA, defende que Intel deve oferecer participação acionária ao governo em troca de recursos do CHIPS Act.

O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou nesta terça-feira que a Intel deverá conceder ao governo americano uma participação acionária na empresa como contrapartida pelos fundos recebidos através do CHIPS Act. Lutnick fez essa declaração durante uma entrevista ao programa “Squawk on the Street”, da CNBC.

A proposta de participação acionária

“Devemos ter uma participação acionária pelo nosso investimento”, declarou Lutnick. Ele enfatizou que a liberação dos recursos já havia sido comprometida durante a administração Biden, mas que, sob a gestão de Trump, a expectativa é de que haja retorno em forma de ações. “Vamos disponibilizar o montante, que já foi prometido, e exigiremos participação acionária como retorno”, completou.

As ações da Intel, que enfrenta dificuldades financeiras, apresentaram uma alta de cerca de 7% na terça-feira, impulsionadas por rumores de que a administração Trump está considerando uma participação de 10% na empresa, tornando o governo dos EUA seu maior acionista.

Além disso, na segunda-feira, a Intel anunciou um investimento de US$ 2 bilhões da SoftBank, que, com isso, se torna seu quinto maior acionista, segundo dados da FactSet. A nova movimentação do governo, caso se concretize, deve gerar um impacto significativo no setor de semicondutores, além de fortalecer a posição da Intel no mercado.

Esclarecimentos sobre a participação

Lutnick indicou que qualquer tipo de acordo não concederia ao governo direitos de voto ou de governança sobre a Intel. “Não se trata de governança, apenas estamos convertendo o que era uma doação sob a gestão Biden em participação acionária para a administração Trump, em prol do povo americano”, aclarou, mantendo que a participação seria não-votante.

Intel optou por não comentar a proposta mencionada por Lutnick. O secretário indicou ainda que o presidente Trump poderia buscar acordos semelhantes com outros beneficiários do CHIPS Act.

Perspectivas para a Intel

No outono passado, a Intel comunicou que havia finalizado um subsídio de quase US$ 8 bilhões proveniente da nova legislação para a construção de suas fábricas. Com isso, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. foi premiada com US$ 6,6 bilhões para incrementar a fabricação de chips em suas instalações no Arizona.

As recentes movimentações estão alinhadas com uma agenda de reemergência da manufatura nos Estados Unidos, defendida por Trump, que visa diminuir a dependência do país de empresas como Samsung e TSMC para a fabricação de semicondutores. A Intel está investindo bilhões de dólares em um complexo industrial próximo a Columbus, Ohio, que será responsável pela produção de chips avançados, incluindo chips para inteligência artificial.

Contudo, em julho, o CEO da Intel, Lip-Bu Tan, comunicou a seus empregados que os tempos de “cheques em branco” haviam acabado, sinalizando uma desaceleração nas obras do complexo de Ohio, dependendo das condições de mercado. A primeira fábrica está agora programada para começar as operações em 2030.

Relevância do CHIPS Act

O complexo de Ohio representa um dos projetos mais visíveis financiados pela Lei de Semicondutores e Ciência, que se tornou lei em 2022, comprometendo cerca de US$ 53 bilhões do governo dos EUA para investimento em pesquisa e desenvolvimento na área de semicondutores. Lutnick criticou a administração Biden por oferecer funding sem nenhuma retribuição, e defendeu o modelo de equity que Trump está propondo.

A Intel, que tem encontrado dificuldades para se destacar no crescente mercado de inteligência artificial, está com novos planos com a nomeação de Tan como CEO em março, após a saída de seu antecessor, Pat Gelsinger, no final do ano passado. Tan se reuniu com Trump na Casa Branca na semana passada, após o presidente ter pedido sua renúncia, alegando relações do executivo com a China.

As próximas movimentações da Intel e do governo dos EUA nos setores de tecnologia e manufatura serão observadas de perto, especialmente na busca por um futuro que priorize a produção nacional e a soberania tecnológica americana.

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