Em uma reviravolta política, o senador Carlos Viana (Podemos-MG) foi eleito presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS, deixando de lado Omar Aziz (PSD-AM), que era considerado o favorito e contava com o apoio de figuras proeminentes como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Aziz, após a derrota, comentou que a falta de articulação do governo foi um fator essencial para sua não eleição e disse que se tratava de um “livramento”.
A mobilização da oposição e a falta de apoio do governo
Em entrevista ao jornal O GLOBO, Omar Aziz refletiu sobre sua derrota, afirmando que “faz parte do jogo” e destacando que o apoio da oposição foi crucial na votação, onde Viana obteve 17 votos contra 13 de Aziz. Ele mencionou que a mobilização da oposição foi significativamente superior à do governo, que não conseguiu articular esforços entre seus aliados. “O MDB da Câmara teve deputados faltantes que não votaram. Enquanto isso, ninguém do PL deixou de votar. Está explicado o motivo da minha derrota? Mobilização, vontade de vencer,” afirmou.
Consequências da nova presidência da CPI do INSS
A vitória de Carlos Viana reflete um movimento estratégico da oposição, que garantiu uma vantagem de três votos em relação ao governo. Essa CPI foi criada para investigar irregularidades em descontos indevidos em aposentadorias e pensões, uma situação que pode ter causado um prejuízo de mais de R$ 6,4 bilhões, segundo a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal. Com essa nova liderança, o Planalto pode enfrentar novos desafios e revezes, especialmente em relação à responsabilidade sobre essas irregularidades.
Articulações de última hora e a nova relatoria
Após sua eleição, Viana não hesitou em agradecer os senadores que o apoiaram e já anunciou Alfredo Gaspar (União-AL) para a relatoria da CPI, indicando que haverá continuidade nas investigações a partir de um novo ângulo sob sua presidência. Essa mudança de comando poderá influenciar diretamente no andamento das investigações, já que a correlação de forças antes favorecia o governo, mas agora está em uma nova configuração, que pode significar a abertura de novas frentes de apuração.
Estratégia do governo e possíveis convocatórias
A estratégia da base governista será atribuir as fraudes às gestões passadas, estabelecendo um vínculo com o período de Jair Bolsonaro (PL). Senadores alinhados ao governo, como Paulo Pimenta (RS), Alencar Santana (SP), Rogério Carvalho (SE) e Fabiano Contarato (ES), formarão a linha de frente na CPI e prometem explorar essa narrativa. Entretanto, os perigos para o governo não se limitam apenas à reinterpretação da história recente.
Entre os pontos críticos para o governo estão as iminentes convocações do ministro da Previdência, Carlos Lupi, do seu sucessor Wolney Queiroz, do presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, e do ex-chefe do instituto, Alessandro Stefanutto. Esses depoimentos poderão fornecer informações valiosas sobre as alegadas irregularidades e o papel do governo nas mesmas.
Pressão por convocações adicionais
Além disso, parlamentares da ala bolsonarista pressionam pela convocação de Frei Chico, irmão do presidente Lula, que está ligado ao Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). Embora a entidade não esteja sendo formalmente investigada, seu nome foi mencionado em um relatório da CGU sobre as fraudes, aumentando a pressão sobre o governo e suas connectividades.
Essa nova dinâmica dentro da CPI do INSS pode resultar em desdobramentos significativos que afetam não apenas a percepção pública do governo, mas também sua operação e capacidade de implementar políticas futuras. A nova presidência sob Carlos Viana promete um ambiente de investigação mais intensivo e crítico, potencialmente trazendo à tona questões que desafiam a estabilidade do atual governo.