Brasil, 20 de agosto de 2025
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Crise na horticultura de Salta: agricultores descartam toneladas de tomates

Produtores de Salta enfrentam crise devido à queda de preços, aumento de custos e contrabando da Bolívia, que agrava a situação no setor

A horticultura na região de Salta, no norte da Argentina, vive uma crise intensificada pela combinação de preços baixos, custos elevados e ingresso de mercadorias contrabandeadas da Bolívia, segundo denúncia dos próprios agricultores. Muitos afirmam que grande parte da colheita está sendo descartada, tornando a atividade insustentável.

Crise na horticultura de Salta com impacto na produção de tomates

Fernando Ortiz, horticultor da região, declarou que descartou cerca de 140 toneladas de tomate e 60 de berinjela devido à falta de lucratividade. “Não cobrimos nem o custo de produção. O mesmo acontece com a banana, principalmente pelos custos em dólar, que estão altos em relação às regiões vizinhas”, explicou Ortiz. Segundo ele, a temporada de 2025 foi marcada por valores de mercado muito baixos, agravando ainda mais a crise.

Entrada de mercadorias contrabandeadas da Bolívia e prejuízos

Dados do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) mostram que, entre janeiro e agosto, Argentina importou 7.633 toneladas de tomate, principalmente do Chile (7.586 toneladas) e do Brasil (47 toneladas). Apesar de não haver registros oficiais de importação de Bolívia, a circulação do produto contrabandeado é comum no Mercado Central de Buenos Aires, denúncia de produtores.

Ortiz criticou a presença de produtos bolivianos no mercado local, afirmando que a competição desleal, com custos muito menores na Bolívia e no Paraguai — devido aos preços mais baixos de insumos, salários e carga tributária — inviabiliza a atividade local. “Entram produtos por menos da metade do valor, com custos em dólar muito menores”, disse.

Consequências para produtores e impacto na oferta

Devido à baixa rentabilidade, Ortiz reduziu pela metade sua produção, diante do aumento de custos e da dificuldade de vender. “Este ano não houve geadas, mas o preço e o clima nos prejudicaram bastante. Temos oferta excessiva e poucos compradores, o que reduz os preços ainda mais”, relatou.

Além do tomate, outras hortaliças como berinjela e banana enfrentam dificuldades semelhantes. Ortiz relata que, para a berinjela, o valor pago é insuficiente para cobrir até o custo de produção. “Nunca vi algo assim, o valor de venda não cobre nem o transporte. Os agricultores estão desesperados”, afirmou.

Importações e impacto no mercado interno

Os dados oficiais do Senasa indicam que, até agosto, a Argentina importou 311.686 toneladas de banana de cinco países, sendo 276.135 toneladas em 2024. Em 2025, esse volume já aumentou cerca de 13%, indicando uma alta na entrada de produtos do exterior, o que prejudica ainda mais os agricultores locais.

Ortiz também comentou que a dificuldade de venda levou à diminuição da qualidade das produções locais, pois muitos produtores reduziram fertilizantes e mão de obra. “Muitos tiveram que descartar quase metade da produção”, afirmou.

Contrabando e crise social

O produtor revelou que o contrabando de produtos bolivianos e de outros países cresce na região, chegando às vagens de hortaliças. “O dinheiro pago pelos produtos locais não vale nada. Em algumas ocasiões, os agricultores também doam bananas para consumo próprio, pois não conseguem vender”, disse Ortiz. Ele destacou ainda que a competição desleal e o contrabando estão devastando o setor.

A crise na horticultura de Salta reflete a situação delicada de um setor que luta para sobreviver em um cenário de descontrole inflacionário, custos elevados e concorrência desleal, agravada pelo contrabando vindo do país vizinho.

Para mais detalhes, leia a reportagem completa no site do Globo.

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