Quase uma centena de jornalistas e comunicadores africanos reuniram-se de 11 a 17 de agosto em Acra, no Gana, para o Congresso Trienal da União Católica Africana da Imprensa (UCAP). Sob o tema “O equilíbrio entre o progresso tecnológico e a preservação dos valores humanos na era da inteligência artificial”, os participantes refletiram sobre os desafios e as oportunidades que a tecnologia representa para o jornalismo e a sociedade.
Promovendo um jornalismo ético
Organizado pela UCAP, o evento busca promover um jornalismo ético, inclusivo e baseado em valores cristãos. Em suas edições trienais, a associação agrupa jornalistas de todo o continente para discutir questões relevantes, que visam fortalecer as capacidades profissionais de seus membros. Este ano, a discussão centrou-se na inteligência artificial (IA), uma temática atual que provoca tanto esperança quanto preocupação entre os comunicadores.
Entre os participantes, destaca-se a mauriciana Martine Lajoie, recém-eleita Secretária-Geral da UCAP. Em entrevista à Rádio Vaticano, Lajoie destacou a importância de equilibrar as inovações tecnológicas com a responsabilidade ética no exercício do jornalismo. “A inteligência artificial, se usada corretamente, pode ser uma aliada, mas precisamos estar cientes de seus perigos”, alertou.
Por um uso responsável da inteligência artificial
A presença da IA em diversos setores, incluindo o jornalismo, é inegável. A Secretária-Geral ressaltou que, apesar dos benefícios, é fundamental que os jornalistas se mantenham criativos e evitem a preguiça que pode surgir da dependência excessiva da tecnologia. “Os jornalistas africanos estão motivados a se formar na área da IA. A formação é essencial para saber usá-la corretamente”, afirmou Lajoie, enfatizando a necessidade de uma educação adequada para evitar abusos.
Ela também destacou que, embora a IA facilite o acesso à informação e agilize processos, é necessário estar vigilante quanto aos erros que podem acontecer. “Isso requer iniciativas concretas para oferecer oportunidades de formação e conscientização”, enfatizou.
Ética e responsabilidade no jornalismo
A ética no uso das novas tecnologias foi outro assunto central do congresso. “Não podemos falar de inteligência artificial hoje sem discutir os abusos relacionados à internet”, assinalou Lajoie. A Secretária-Geral exortou os jornalistas a manterem seu profissionalismo e a se tornarem “missionários que precisam ser vigilantes e responsáveis em relação à missão que lhes foi confiada”.
Além disso, ela mencionou a importância de os jornalistas católicos reconhecerem que seu trabalho é mais do que apenas informar, mas sim contribuir para um bem maior, mantendo-se em sintonia com seus valores e princípios de fé. A missão do jornalista, conforme discutido, é um compromisso ético que transcende a simples transmissão de informações.
Popularização do sínodo sobre a sinodalidade
O congresso também serviu como um espaço para discutir o sínodo sobre a sinodalidade, onde os participantes foram incentivados a popularizar seu conteúdo entre os jornalistas. “Devemos aprofundar o entendimento sobre o sínodo e inculturá-lo entre nossos leitores e ouvintes”, concluiu Lajoie, ressaltando a importância de uma comunicação efetiva e consciente.
Palavras como “missão, fidelidade, profissionalismo e compromisso com a comunidade” foram destacadas como fundamentais para guiar o trabalho dos jornalistas africanos, especialmente em tempos de rápidas mudanças tecnológicas e sociais. Dessa forma, o encontro não apenas promoveu um espaço de diálogo, mas também reforçou a necessidade urgente de um jornalismo que respeite e preserve os valores humanos essenciais.
O congresso trienal da UCAP, além de ser uma plataforma para o aprimoramento profissional, reafirma a importância da reflexão ética no exercício da comunicação em um mundo cada vez mais digitalizado, onde a IA assume um papel cada vez mais central.
Participantes no Congresso da UCAP, em Acra (Gana)