O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (20) que não orientou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a buscar contato com a embaixada dos Estados Unidos, contrariando declarações do pastor Silas Malafaia. A revelação faz parte de um áudio divulgado após uma operação da Polícia Federal que investiga Bolsonaro e aliados por suposta coação no âmbito de uma apuração sobre possível atuação fora do país.
Áudio revela orientações de Malafaia e Bolsonaro nega envolvimento
No áudio, Malafaia afirma que Bolsonaro pediu a Tarcísio que fosse à embaixada americana para dialogar com autoridades, incluindo o encarregado de negócios da Casa Branca, Gabriel Escobar. Segundo o pastor, essa orientação teria sido dada em um contexto de busca por soluções após o tarifão dos Estados Unidos às exportações brasileiras.
Ao GLOBO, Bolsonaro reforçou que não orientou o governador a falar com a embaixada. “Tu acha que mandei alguém negociar com o encarregado de negócios? Eu tenho contato direto e sei que o cara não cede. Quem foi negociar perdeu tempo, tá ok?”, afirmou Bolsonaro.
Reações e contexto político
Antes, Tarcísio negou a possibilidade de ter pedido a liberação do passaporte de Bolsonaro para uma viagem aos EUA, enquanto Malafaia afirmou que ambas as agendas do governador foram feitas a pedido do ex-presidente. A declaração gerou polêmica, especialmente entre aliados e opositores, que veem sinais de esforço político para influenciar a diplomacia americana.
Na avaliação de especialistas, essa troca revela as tensões internas no campo político de Bolsonaro, especialmente em relação às ações diplomáticas envolvendo os Estados Unidos e os desdobramentos da investigação que investiga a atuação do ex-presidente e seus apoiadores na tentativa de influenciar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
Investigações e ações da Polícia Federal
Malafaia foi alvo de busca e apreensão nesta quarta, após desembarcar do voo vindo de Lisboa. Segundo decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, o religioso teria vínculos com Bolsonaro que caracterizariam atos de obstrução de investigação. Além dele, Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro também foram indiciados por coação no âmbito da mesma operação, relacionada à tentativa de pressionar integrantes da corte e influenciar julgamentos.
O ministro Moraes destacou que Bolsonaro descumpriu medidas cautelares ao produzir conteúdo em redes sociais de seus filhos e apoiadores, incentivando ataques ao STF. Bolsonaro atualmente cumpre prisão domiciliar e está proibido de manter contatos com autoridades estrangeiras e com Eduardo Bolsonaro, que também é investigado.
Novos desdobramentos políticos
Enquanto a investigação tramita, Bolsonaro mantém seu discurso, alegando que suas ações visam defender seus aliados e o estado de São Paulo, especialmente em relação às ações do governo americano. No entanto, as investigações apontam para uma possível articulação de coerção diante do contexto político e judicial atual.
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