Na terça-feira, as ações de bancos brasileiros sofreram forte desvalorização, levando a uma perda de R$ 41,3 bilhões em valor de mercado. A maior queda ocorreu após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, decidir que leis e sanções estrangeiras, como a Lei Magnitsky, não produzem efeitos automáticos no Brasil, gerando incertezas para o setor financeiro.
Principais bancos afetados e suas quedas na Bolsa
- Banco do Brasil (BBAS3): -6,03%, a R$ 19,80
- Santander Brasil (SANB11): -4,88%, a R$ 25,94
- Itaú (ITUB4): -3,63%, a R$ 36,31
- BTG Pactual (BPAC11): -3,48%, a R$ 43,50
- Bradesco (BBDC4): -3,43%, a R$ 15,79
O índice Ibovespa, principal da Bolsa brasileira, fechou em baixa de 2,1%, atingindo 133.997 pontos, a maior queda desde 4 de abril deste ano. Segundo dados da Bloomberg, os bancos tiveram uma redução significativa em seus valores de mercado, sendo o Itaú o mais penalizado, com uma perda de R$ 14,71 bilhões.
Contexto da decisão de Dino e reação dos Estados Unidos
Na segunda-feira, Dino decidiu que as sanções e leis de outros países, como a Lei Magnitsky, não têm validade automática no Brasil. Essa decisão ocorreu após os EUA sancionarem o ministro do STF Alexandre de Moraes, restringindo suas relações econômicas com o país. O Departamento de Estado americano reagiu, afirmando que “nenhum tribunal estrangeiro pode invalidar as sanções dos EUA ou poupar alguém de suas consequências”.
Analistas avaliam que a decisão de Dino criou uma situação de incerteza jurídica para bancos brasileiros com operações internacionais. Rafael Passos, da Ajax Investimentos, disse que a escalada da tensão aumenta o risco-país, refletido na curva de juros e na cotação do dólar, que fechou em alta de 1,19%, cotado a R$ 5,4993.
Implicações para o setor financeiro e o mercado internacional
Especialistas alertam para o risco de o Brasil ser excluído do sistema Swift, o que dificultaria operações internacionais. Rodrigo Marcatti, economista da Veedha Investimentos, afirmou que os bancos enfrentam a dúvida entre cumprir ordens do STF ou as sanções americanas, com o risco de multas e impactos nos negócios globais.
Felipe Sant’Anna, da Axia Investing, destacou que ainda há poucas informações oficiais dos EUA, e o momento de maior tensão reforça a preocupação do mercado com o futuro das operações brasileiras no exterior.
Risco de sanções e impacto no mercado
Segundo estudos, a possibilidade de sanções severas aos bancos brasileiros pode resultar na perda de participação no mercado internacional, especialmente nos Estados Unidos, danificando a atuação global dessas instituições. O cenário extremo poderia incluir a restrição de acesso ao sistema financeiro internacional, provocando uma crise significativa no setor bancário brasileiro.
Repercussões diplomáticas e futuras incertezas
Após a decisão de Dino, o Departamento de Estado dos EUA reforçou a posição de que sanções e leis americanas permanecem válidas, e que nenhum tribunal estrangeiro tem autoridade para invalidá-las. A disputa também aumentou a tensão diplomática, causando preocupação entre investidores e integrantes do mercado financeiro.
Rafael Passos afirmou que o conflito pode se prolongar, dificultando os investimentos e trazendo uma maior aversão ao risco. O cenário inclui ainda possibilidades de ações de bancos estudando cancelar contas de clientes sancionados unilateralmente para evitar conflitos jurídicos, segundo Malu Gaspar, do Globo.
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