Na Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH), pelo menos seis pessoas, entre servidores e estagiários, enfrentaram um cenário de assédio moral e má gestão, resultando em afastamentos e crises de saúde. As denúncias apontam que a ex-coordenadora-geral, Sônia Maria Alves da Costa, cultivava um ambiente marcado pelo controle autoritário e pela intolerância, levando muitos a buscar tratamento psicológico.
Denúncias de abuso de poder e suas consequências
Relatos de membros da equipe indicam que a gestão de Sônia Maria causou estragos na saúde mental dos funcionários, com efeitos colaterais que incluem ansiedade e estresse intenso. Mesmo com um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) instaurado para investigar as condutas da coordenadora e uma análise de clima que constatou irregularidades, a sua permanência na liderança não foi contestada durante o processo.
Sônia Maria pediu exoneração no dia 13 de agosto, mas o clima de medo e desconfiança persiste entre os membros da Comissão, que temem represálias e sentem-se desassistidos por instâncias responsáveis pela proteção de direitos trabalhistas.
Atitudes hostis e a deterioração do ambiente de trabalho
Os primeiros sinais de assédio começaram a surgir em 2023, com relatos de atos de constrangimento e intimidação, que tinham como contexto a herança da gestão anterior da ministra Damares Alves. Durante reuniões, Sônia Maria teria utilizado sarcasmo e ameaças veladas, criando um ambiente ainda mais hostil e de silêncio.
A instauração do Processo Administrativo Disciplinar
Em 2024, a situação levou à abertura de um PAD para investigar as denúncias. Contudo, a permanência da coordenadora no cargo durante todo o processo gerou um sentimento de impotência entre aqueles que se dispuseram a testemunhar, muitos dos quais relataram intensificação do assédio como retaliação.
“Havia um medo constante de perder o emprego por conta dos depoimentos dados”, comentou uma fonte anônima ao portal Metrópoles.
Impactos psicológicos e a busca por ajuda profissional
O impacto do ambiente hostil se mostrou profundo, com muitos servidores relutando em expor suas dificuldades por medo de consequências. O registro psicológico de uma das vítimas mostra que, inicialmente, a pessoa buscou terapia por questões familiares, mas a demanda logo se transformou em uma luta contra o ambiente tóxico do local de trabalho.
“Sinto que minha integridade física e mental foi ignorada. Hoje, estou em tratamento psicológico devido aos danos emocionais”, desabafou um dos colaboradores.
Denúncias e a falta de resposta institucional
Apesar das denúncias que chegaram ao MDH, CGU e outras entidades, ações concretas ainda não foram tomadas para garantir a proteção e o bem-estar da equipe. A Comissão de Anistia, que deveria ser um modelo de defesa dos direitos humanos, foi apontada como cenário de abuso e autoritarismo. Sem resposta satisfatória para as queixas, os membros continuam a viver em um clima de insegurança.
Reação da Coordenação e último comunicado
Após a saída de Sônia Maria, membros da Comissão expressaram descontentamento com a falta de responsabilização pela gestão anterior, temendo que a situação se mantenha imutável. Relatos de uma carta-denúncia enviada ao ministro Silvio de Almeida mostraram que a insatisfação havia se acumulado ao longo do tempo, mas as promessas de mudança ainda não foram evidentes.
O MDH comunicou que as denúncias foram investigadas e que medidas foram adotadas na sua incidência, mas muitos sentiram que a severidade da situação não foi dimensionada adequadamente, levando a um clima contínuo de desconfiança.
Próximos passos e responsabilidade institucional
À medida que a situação se desenrola, a esperança é de que as autoridades tomem medidas decisivas para promover a proteção e o respeito aos direitos dos servidores, assegurando que ambientes de trabalho sejam, realmente, respeitosos e dignos. A manutenção da saúde mental e do bem-estar dos colaboradores deve ter prioridade, em quaisquer instituições, especialmente aquelas que guardam a bandeira dos direitos humanos.
O clima de medo e a destruição da moral de uma equipe são inaceitáveis em qualquer contexto, e a falha ao não responsabilizar aqueles que permitem esse ambiente leva a uma terrível ironia dentro do próprio conceito de direitos humanos.