No último fim de semana, um baile funk na comunidade da Coreia, em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, se tornou o cenário de uma tragédia que deixou a comunidade em luto. Sther Barroso dos Santos, uma jovem de apenas 20 anos, foi espancada até a morte horas após ser filmada dançando e se divertindo com amigos. Segundo relatos da família, a jovem teria sido agredida após se recusar a sair do local com um traficante, revelando a face cruel da violência que permeia algumas comunidades cariocas.
A dança que precedeu a tragédia
O vídeo que circulou nas redes sociais mostra Sther dançando alegremente, cercada por amigos e familiares. A irmã, Stefany, postou em suas redes sociais várias homenagens à irmã, destacando a união familiar e a dor imensurável que sentem com a perda. “Estou sem chão, sem estrutura. Quem nos conhece sabe o quanto somos unidas, leais e sempre uma pela outra. Essa sensação de impotência por não ter tido tempo de salvar a minha irmã é devastadora”, lamentou.
O corpo de Sther foi encontrado desfigurado e deixado na porta da casa da mãe, um ato que somente acentuou a dor da família e da comunidade. O clima de segurança abalada se intensifica quando se considera que Sther e sua família haviam mudado recentemente de uma área dominada pelo tráfico no Muquiço para a Vila Aliança.
Investigações e violência no Rio de Janeiro
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) está à frente das investigações que envolvem o caso. O principal suspeito do crime é Bruno da Silva Loureiro, conhecido como Coronel, chefe do tráfico na região de Muquiço. A polícia está apurando se a recusa de Sther em deixar o baile com ele foi o motivo de sua morte brutal. Este caso trágico levanta questões cruciais sobre a violência e o controle que o tráfico exerce sobre as comunidades nas zonas mais vulneráveis do Rio de Janeiro.
Reflexo de um problema mais amplo
A morte de Sther é parte de uma alarmante estatística. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), 49 mulheres foram vítimas de feminicídio no estado do Rio de Janeiro apenas no primeiro semestre de 2023. Esse dado reflete a urgência de combate à violência de gênero em um cenário onde muitos, principalmente mulheres, vivem com medo.
Sonhos interrompidos e homenagens
Nas redes sociais, amigos e familiares de Sther compartilharam anotações que a jovem havia feito, revelando seus sonhos e expectativas para o futuro. Entre as metas, estavam terminar a escola, fazer três cursos, ter um cachorrinho e focar na academia. “Ela tinha tantos sonhos… Queria estudar, trabalhar, mudar de vida. Isso foi arrancado dela de uma maneira cruel”, lamentou uma amiga próxima.
O funeral de Sther ocorrerá nesta terça-feira (19) no cemitério de Ricardo de Albuquerque, e a comunidade se unirá para homenagear a jovem que, em tão pouco tempo, conquistou o afeto de tantas pessoas. Enquanto Sther era lembrada por sua alegria e determinação, o caso ressalta a urgência em combater a violência contra a mulher e a necessidade de proporcionar um ambiente seguro para todos, especialmente nas comunidades mais afetadas pelo tráfico e pela criminalidade.
A história de Sther é um lembrança dolorosa de que a violência pode estar mais perto do que se imagina. A luta por justiça e segurança continua, e espera-se que sua trágica morte não seja em vão, mas sim um grito de alerta para que mudanças sejam implementadas em busca de um futuro mais justo.