Na Câmara Municipal de Cubatão, São Paulo, três vereadores chamam a atenção não apenas pelo trabalho político, mas também pelos apelidos que remetem a ícones da televisão brasileira: Daniel Silva, conhecido como Xuxa; José Elan Gomes, apelidado de Batoré; e Washington Luiz de Sousa, que atende pelo nome de Carioca. Cada um deles compartilha uma história única sobre a origem dessas alcunhas, que têm grande significado pessoal e político.
A história de Xuxa
O vereador Daniel Silva, do PSDB, carrega o apelido de Xuxa desde a infância. Sua história com o nome começou aos 9 anos, logo após se mudar do Nordeste para Cubatão. Com cabelos longos e olhos claros, ele logo se tornou alvo de brincadeiras que o comparavam à famosa apresentadora Xuxa Meneghel, que estava em seu auge na época. “Eu tinha o cabelo grandão, olhos verdes, e aí pronto”, relembra ele, sorrindo.
Embora não tenha gostado do apelido no início, Daniel rapidamente se acostumou com ele. “No começo, a gente pega um pouco de ar, fica um pouco bravo, mas hoje é tranquilo”, afirma. Para ele, ser chamado de Xuxa se tornou uma parte integral de sua identidade. “Se a pessoa me chamar de Daniel, eu acho estranho. O apelido ficou até hoje e vai ficar até pelo resto da minha vida”, completa.
Batoré e sua trajetória
Já José Elan Gomes, do AGIR, obteve o apelido de Batoré através de uma brincadeira que se tornou parte de sua identidade. A semelhança física com o humorista pernambucano Ivanildo Gomes, famoso pelo personagem Batoré, fez com que amigos começassem a chamá-lo assim. “A coincidência não era pouca: traços físicos semelhantes, mesma região de origem e, claro, a paixão pelo futebol,” explica o vereador.
Com o passar do tempo, o apelido se consolidou e, atualmente, é raro as pessoas o chamarem pelo nome de registro “José Elan”. “Praticamente todo mundo me conhece como Batoré. E é assim que vou seguir”, ironiza ele, ressaltando como o nome se tornou uma “marca registrada” em sua carreira política.
Carioca: uma identidade regional
Washington Luiz Lessa de Souza, também do PSDB, carrega o apelido de Carioca desde que chegou a Cubatão, vindo do Rio de Janeiro, com apenas 12 anos. O sotaque característico o fez ser chamado pelos colegas de escola de “Carioca”, uma referência ao humorista Márvio Lúcio, que é nacionalmente conhecido por esse nome. “Os amigos, vendo aquele sotaque: ‘É o Carioca, é o Carioca’. O apelido pegou e nunca mais se afastou de mim,” conta ele.
Atualmente, já sem o sotaque, Washington considera o apelido uma forma de reconhecimento de suas raízes. “Achei que era um apelido carinhoso, ligado à minha origem. Fixou e ficou comigo. Já pensei até em colocar no nome, mas preciso convencer a esposa e a filha,” brinca. A presença do apelido é tão marcante que, em casa, ele também é tratado como Carioca, exceto pela mãe, que insiste em chamá-lo de Washington.
Topete, um apelido inusitado
Embora não tenha um apelido relacionado a celebridades, o vereador Alexandre Mendes da Silva, do PSD, é conhecido como Topete. Este apelido surgiu há quase 40 anos, quando ele começou o curso de patrulheiro. Chegou com um “topete” inusitado em um ambiente onde a maioria dos colegas tinha cabelos bem curtos e, como resultado, acabou sendo nomeado por um amigo. “Aí um colega olhou e disse: ‘Ixe, isso aí é o Topete’. E pegou,” relembra.
A brincadeira se tornou parte de sua vida. “Se alguém chegar na porta da casa dela e perguntar: ‘O Topete está aí?’, ela responde: ‘Não, aqui tem Alexandre, não tem Topete’. Até hoje, ela não gosta,” ri o parlamentar.
A conexão com as personalidades conhecidas
As histórias desses vereadores ilustram como o relacionamento informal e carinhoso com os nomes contribui para a construção da identidade política deles. Enquanto os apelidos podem ter começado como piadas, hoje representam uma forma de conexão com a cultura popular e com a trajetória pessoal de cada um. Assim, Xuxa, Batoré e Carioca não são apenas nomes, mas símbolos de uma identidade que se entrelaça à política e à vida cotidiana em Cubatão.
Os moradores da cidade, ao se depararem com essas figuras, incorporam um pouco da cultura televisiva à representação política, mostrando que, por trás das sessões da câmara e das procurações, existem histórias que merecem ser contadas.