A Taurus, fabricante brasileira de armas, decidiu antecipar as férias de cerca de 40 funcionários nas suas unidades de São Leopoldo e Montenegro, no Rio Grande do Sul, devido ao impacto do tarifaço anunciado pelos EUA. A medida reflete a frágil situação do mercado externo, agravada pela tensão comercial e pela transferência de linhas de produção para os Estados Unidos.
Impacto do tarifaço e respostas da Taurus
O aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos gerou preocupações na Taurus, cuja maior parte das vendas (cerca de 90%) é feita no mercado civil americano. Com as tarifas de até 50%, a empresa buscou alternativas, como o reforço de estoques de produtos acabados nos EUA e exportações antecipadas de componentes, especialmente carregadores.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de São Leopoldo e Região (STIMMME SL), Valmir Lodi, explica que a contratação de férias antecipadas visa apenas uma contenção de custos e que a medida não deve se estender a outros trabalhadores por enquanto. “A transferência de linhas de montagem impactou pouco a operação brasileira, afetando cerca de 28 profissionais”, afirma Lodi.
Transferência de produção e suas consequências
No início de agosto, a Taurus anunciou a transferência das linhas de montagem de armas da família G, incluindo pistolas de uso civil, de sua fábrica no Rio Grande do Sul para os Estados Unidos. Com o movimento, as ações da companhia tiveram queda, chegando a perder R$ 33 milhões em valor de mercado, ficando próximas de R$ 705 milhões.
Segundo Valmir Lodi, a transferência não deve afetar significativamente o quadro de emprego na região, onde a produção local é limitada a um grupo de 28 profissionais. O mercado americano responde por cerca de 90% das vendas da Taurus, focadas em distribuidores locais de armas civis.
Medidas de mitigação e perspectivas futuras
Desde abril, a Taurus vem adotando estratégias para minimizar os efeitos do tarifaço, como o reforço de estoques e a exportação antecipada de componentes. O CEO global da empresa, Salesio Nuhs, afirmou que a companhia busca proteger sua operação tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, onde mantém unidades em Haryana, na Índia, e na Geórgia, nos EUA.
Especialistas alertam que o tarifão de Trump pode provocar a perda de até 726 mil empregos no setor, conforme estimativas do Dieese em cenários mais pessimistas. A situação permanece incerta e reforça a necessidade de estratégias de adaptação frente às tensões comerciais internacionais.