A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, na última terça-feira (19), que o pedido de repetição de ações de busca e apreensão contra o ex-governador e empresário Paulo Octávio foi considerado ilegal. A medida foi solicitada pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) durante uma investigação sobre supostos crimes, incluindo fraude em licitação, corrupção e organização criminosa.
Contexto da investigação
O inquérito gira em torno de um contrato de aluguel celebrado em 2020, que levou a Secretaria de Saúde do DF a transferir sua sede para um edifício pertencente ao grupo empresarial de Paulo Octávio. A mudança, que gerou questionamentos, teve um custo exorbitante. O g1 noticiou na época que o aluguel custava R$ 750 mil mensais, somado a R$ 169,3 mil em taxa condominial e R$ 48.847,37 anuais a título de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Recurso do MP e decisão do STJ
O MPDFT havia solicitado que ações de busca e apreensão fossem repetidas, alegando que o contrato de aluguel ainda estava vigente e que os envolvidos mantinham contatos entre si. Contudo, a Quinta Turma do STJ manteve a decisão do relator, ministro Messod Azulay Neto, que já havia determinado que novas buscas só poderiam ocorrer caso houvesse tentativa infrutífera e novos fundamentos legais para justificar a solicitação. Os ministros concordaram que tais fundamentos não estavam presentes.
Em fevereiro de 2023, ao julgar um recurso interposto por Paulo Octávio, Azulay Neto não apenas determinou a devolução dos pertences apreendidos, mas também anulou os dados que haviam sido extraídos das buscas realizadas anteriormente, reforçando a ilegalidade das medidas tomadas pelo MPDFT.
A mudança de sede da Secretaria de Saúde
A polêmica em torno do aluguel começou em 2020, quando a Secretaria de Saúde do DF decidiu deixar sua sede no fim da Asa Norte para se instalar no prédio PO 700, de Paulo Octávio, na mesma região. A decisão foi criticada por alguns parlamentares, incluindo o então deputado distrital Leandro Grass, que denunciou a proximidade de servidores da Secretaria de Saúde com o diretório do grupo imobiliário de Octávio.
Operação Maré Alta
Além das investigações em torno do contrato de aluguel, em dezembro de 2021, Paulo Octávio e o então deputado distrital Reginaldo Sardinha se tornaram alvos da Operação Maré Alta, que apurou irregularidades em vários contratos entre o governo do DF e o grupo empresarial do ex-governador. O trabalho do MPDFT visa garantir a transparência e a correta aplicação dos recursos públicos, questionando contratos que parecem favorecer interesses pessoais.
Implicações da decisão do STJ
A decisão do STJ não apenas informa quanto à ilegalidade do pedido de repetição das buscas, mas também estabelece um precedente sobre a necessidade de fundamentos legais mais robustos para justificação de novas investigações. A avaliação da Quinta Turma ressalta a importância da legalidade nas operações realizadas pelo Ministério Público, protegendo assim os direitos dos cidadãos e a integridade das investigações.
A pressão sobre o sistema de transparência pública e a correta aplicação dos recursos continua em alta, especialmente em um cenário onde a confiança nas instituições é fundamental. O caso de Paulo Octávio destaca uma luta constante contra a corrupção e a necessidade de uma política mais rigorosa na fiscalização de contratos públicos.
Em um contexto de crescente desconfiança em relação à política e à administração pública, esse tipo de decisão é essencial para restaurar a credibilidade das instituições e assegurar que todos sejam responsabilizados por suas ações. A luta contra a corrupção exige vigilância contínua e um compromisso firme com os valores democráticos.
Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.