Brasil, 19 de agosto de 2025
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Senadores ignoram autorização para visitar Braga Netto

Apesar de autorização do STF, senadores apresentam justificativas para não visitarem o general detido há nove meses.

No cenário político atual, a detenção do general Walter Braga Netto tem gerado um contraste notável em relação à atenção que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebe. Enquanto Bolsonaro já acumulou mais de 60 pedidos de visita, Braga Netto, que está preso há quase nove meses, recebeu apenas sete visitas autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Essa disparidade levanta questões sobre os laços políticos e a camaradagem entre os parlamentares, especialmente em meio ao processo judicial que se avizinha.

O contexto da detenção de Walter Braga Netto

O ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, Walter Braga Netto, foi preso em dezembro do ano passado após uma determinação de Moraes. O ministro argumentou que Braga Netto teria tentado interferir nas investigações ao buscar acesso à delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Essa situação traz à tona não apenas as questões judiciais envolvidas, mas também as relações pessoais e políticas entre os membros do Congresso.

A baixa adesão às visitas

Com a autorização de Moraes para a visita de 23 senadores, a expectativa era que muitos comparecessem. No entanto, a realidade é bem diferente. Até o momento, apenas sete parlamentares, incluindo o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, e alguns senadores, como Damares Alves e Hamilton Mourão, visitaram o general na Vila Militar, localizada a cerca de 30 km do centro do Rio de Janeiro. O que causa curiosidade é o fato de que muitos dos senadores que ignoraram a oportunidade pertencem a grupos que criticam abertamente as decisões de Moraes.

Justificativas dos senadores

Alguns senadores que haviam recebido autorização para visitar Braga Netto apresentaram uma série de justificativas para não o fazer. Entre elas, estavam conflitos de agenda, a alegação de que o general não era uma prioridade em seus compromissos e até mesmo o esquecimento do aval do ministro. O senador Luis Carlos Heinze admitiu que tinha interesse em encontrar Braga Netto, mas não se organizou para fazê-lo. Por outro lado, o senador Izalci Lucas, que havia pedido a autorização, mencionou que as condições impostas por Moraes dificultaram a realização das visitas.

As dificuldades logística e geográficas

Além das justificativas, fatores logísticos também desempenham um papel importante na ausência de visitas. O general está preso em uma localização distante de Brasília, o que complica a ida dos parlamentares até ele. Um colega de Braga Netto apontou que o trajeto até a Vila Militar pode ser perigoso, o que desestimula ainda mais as visitas. “Não basta chegar ao RJ, tem que ir até a Vila Militar. A maioria desconhece o trajeto e existe ainda a questão da segurança, pois o itinerário passa por áreas perigosas do RJ”, disse a fonte.

A inércia política frente às tensões com o STF

O silêncio dos senadores sobre a visita a Braga Netto é especialmente intrigante, já que muitos deles têm criticado as decisões de Alexandre de Moraes e até endossado pedidos de impeachment contra ele. Essa dinâmica revela uma necessidade de alinhamento entre as políticas e os interesses pessoais dos senadores, que podem estar mais preocupados com suas carreiras políticas do que com a solidariedade a um colega detido.

A situação à frente

Braga Netto, junto com Bolsonaro, é parte do que é considerado o “núcleo crucial” da suposta conspiração golpista que será julgada pelo STF em breve. A possibilidade de uma pena de 43 anos coloca pressão sobre ele e aumenta a necessidade de apoio entre os parlamentares. No entanto, com a maioria dos senadores evitando as visitas, surge a questão sobre o futuro de Braga Netto e o quanto o apoio de seus pares pode mudar esse cenário.

Enquanto as interações no Congresso continuam a ser moldadas por interesses políticos e a retórica em torno do STF se intensifica, a relação entre os parlamentares e o general detido pode ser uma questão que terá consequências a longo prazo, tanto para eles quanto para o futuro da política brasileira.

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