Neste ano, o Cerrado brasileiro concentra quase o dobro de queimadas em comparação com a Amazônia. De 1º de janeiro até o último domingo (17/8), foram contabilizados 17.326 focos de calor no Cerrado, enquanto a Amazônia registrou 9.184. Essa desigualdade é ainda mais notável tendo em vista que a Amazônia possui praticamente o dobro da área do Cerrado.
Os dados, levantados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram compilados pela plataforma do Metrópoles. Apesar de o Cerrado ter uma área de 2.036.448 km² contra os 4.196.943 km² da Amazônia, os registros de queimadas na região central do país superam os da floresta tropical.
A análise da redução das queimadas no Brasil
Embora ambos os biomas apresentem uma redução nas queimadas em relação ao mesmo período do ano passado, a diminuição é mais acentuada na Amazônia, onde os focos de calor diminuíram 77%. No Cerrado, a retração foi de 34%. Assim, no Brasil como um todo, as queimadas em vegetação caíram 58% até agora. O Pantanal desponta como o bioma com a maior diminuição, com uma impressionante redução de 98% nas ocorrências.
Contudo, ainda é cedo para fazer previsões definitivas sobre o comportamento das queimadas nos biomas brasileiros até o fim do ano. Estamos nos aproximando da época mais crítica, que abrange os meses de agosto, setembro e outubro, os quais, em média, respondem por 70% do total de focos de calor anualmente na Amazônia e no Cerrado.
Fatores que influenciam as queimadas
Segundo Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo, as queimadas em ambos os biomas estão fortemente ligadas ao comportamento das chuvas e à intensificação da fiscalização governamental. “O que normalmente acontece, depois de um ano extremamente catastrófico, é que as pessoas se tornam um pouco mais cuidadosas com o uso do fogo”, explica Alencar.
O que o futuro reserva?
A previsão para os próximos meses é incerta. Alencar destaca a influência da temperatura das águas do Oceano Pacífico Equatorial, que pode determinar a ocorrência do fenômeno El Niño ou La Niña. Atualmente, esses fenômenos se encontram em um estado de neutralidade.
O El Niño, que é caracterizado pelo aumento da temperatura das águas do Oceano Pacífico, tende a reduzir as chuvas na região amazônica, enquanto a La Niña geralmente provoca o efeito oposto, contribuindo para uma maior precipitação.
Preocupações crescentes com as queimadas
A nova realidade do uso do fogo no Brasil tem gerado um aumento na preocupação tanto por parte de ambientalistas quanto de autoridades. Recentemente, na quinta-feira (14/8), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, lançou um alerta contundente, afirmando que as queimadas estão causando mais destruição de vegetação do que o desmatamento feito de forma intencional.
“Pela primeira vez na história do Brasil, o desmatamento por queimadas superou o desmatamento por corte raso. Isso significa que a mudança climática se tornou uma realidade avassaladora, e a floresta está perdendo umidade, enquanto os incêndios assumem uma dimensão que se assemelha ao que acontece em outras regiões do planeta”, destacou a ministra.
Ao observar esses dados e o aumento constante das queimadas no Cerrado e na Amazônia, torna-se urgente que haja iniciativas efetivas para combater essa destruição, garantindo a preservação de nossos biomas e a sustentabilidade ambiental.
Para mais informações sobre o tema, você pode acessar a Fonte.