O US Open, o quarto e último Grand Slam do ano, chega com uma série de novidades que prometem tornar a competição ainda mais atrativa para o público. A principal mudança é a reformulação da competição de duplas mistas, que a partir desta terça-feira contará com apenas 16 pares, sendo metade deles convidados. Essa decisão gerou polêmicas no mundo do tênis, especialmente entre aqueles que se dedicam à categoria de duplas.
Um novo formato para as duplas mistas
No primeiro dia de competições, o duelo entre Alcaraz/Raducanu e Draper/Pegula marcará o início das partidas. Os vencedores deste confronto enfrentarão Danilovic/Djokovic ou Andreeva/Daniil Medvedev. Outros jogos incluem Fritz e Rybakina enfrentando os atuais campeões, Sara Errani e Andrea Vavassori, enquanto Ruud/Swiatek se medir com Keys/Tiafoe e Anisimova/Rune com Shelton/Townsend. Os italianos Errani e Vavassori, campeões do US Open e de Roland Garros, criticaram a nova estrutura, chamando-a de “profunda injustiça” e tachando o torneio de “pseudo-exibição focada no entretenimento”. Essa reformulação não agradou a muitos, levantando questões sobre a essência e a tradição do torneio.
Críticas à nova estrutura
A Tennis Australia, entidade organizadora do Australian Open, também se manifestou contra as mudanças do US Open. A instituição ressaltou que as duplas mistas são uma parte essencial do tênis, promovendo um espaço significativo para competidores masculinos e femininos em um mesmo evento. “Todos os nossos torneios têm como objetivo criar oportunidades de trabalho para os atletas”, afirmou a Tennis Australia em nota.
A mudança mais impactante notada nesta edição do US Open não se limita apenas ao número de duplas na competição. A premiação foi aumentada para US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,4 milhões). Esse valor é 400% superior ao prêmio da edição anterior, de US$ 200 mil. Essa disparidade, somada ao fato de que muitos duplistas não alcançam classificações altas nas categorias individuais, intensificou o sentimento de injustiça entre os competidores.
Menos jogos e novas regras
Outra alteração significativa no formato das duplas mistas é a redução no número de games por set. Agora, será necessário vencer apenas quatro games para ganhar um set, em contraste com o antigo formato de seis. Em caso de empate em 40/40, a dupla que marcar o próximo ponto será declarada vencedora. Para garantir que as partidas sejam mais dinâmicas e rápidas, o torneio começa direto nas oitavas de final, eliminando as habituais rodadas prévias.
Essas mudanças no formato não são aceitas por todos. A tenista australiana Ellen Perez criticou as alterações duramente nas redes sociais, expondo sua indignação ao considerar que as decisões da organização parecem desvalorizar os especialistas em duplas. “Dizer que os jogadores de duplas são péssimos e que a tradição é supervalorizada é um golpe duro para nossa categoria”, afirmou em resposta ao perfil oficial do US Open.
Expectativas e reações do público
Por outro lado, a diretoria do US Open defende suas decisões, argumentando que a animação para ver as grandes estrelas do tênis é alta e que elas já expressaram interesse em competir. O diretor da US Tennis Association, Lew Sherr, enfatizou que as duplas mistas agora ocuparão as principais quadras, oferecendo uma oportunidade única para os torcedores desfrutarem da emoção de ver as estrelas do esporte competindo juntas.
No entanto, a insatisfação prevalece entre os duplistas e especialistas. Jan Zielinski, campeão de duplas mistas em outros Grand Slams, lamentou a falta de comunicação e o desrespeito pela história e pela tradição da competição, destacando a tristeza diante das mudanças que podem afetar seriamente a trajetória de muitos jogadores.
Embora o torneio tenha sido claramente desenhado para aumentar o interesse do público e maximizar o lucro, muitos atletas e especialistas do setor esperam que essa nova abordagem não se torne uma norma em outras competições, preservando assim a herança e a essência das duplas no tênis. O US Open deste ano acompanhará de perto as reações e o desenvolvimento da competição com seu novo formato, mas as críticas perpetuam um debate necessário sobre como equilibrar entretenimento e inclusão nas artes do esporte.