Desde o início do ano, mais de 6.000 vistos de estudante foram revogados pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, numa ofensiva da administração Trump contra imigrantes e estudantes internacionais, conforme anunciou a agência. A medida faz parte de uma estratégia mais ampla de fortalecimento do controle de imigração e segurança nacional.
Razões para os cancelamentos dos vistos de estudante
De acordo com um porta-voz do Departamento de Estado, cerca de dois terços dessas revogações ocorreram devido a sobrestays — permanência além do período permitido — ou outras violações legais, como agressões, condução sob efeito de álcool (DUI) e furtos. Além disso, aproximadamente 200 a 300 vistos foram revogados por suposta “apoiar o terrorismo”, com base na Lei de Imigração e Nacionalidade, que impede estrangeiros de entrarem no país por atividades relacionadas ao terrorismo.
Foco na política de controle e repressão
A administração Trump direciona suas ações contra estudantes internacionais e seus programas de visto como parte de esforços mais amplos para reformular o sistema de ensino superior e de imigração nos EUA. Estudantes com status legal, mas sem cidadania, que participaram de protestos pró-Palestina ou demonstraram apoio à causa, foram um alvo específico. Exemplos incluem Mahmoud Khalil, ex-estudante de pós-graduação na Universidade de Columbia, e Rümeysa Öztürk, doutoranda na Universidade de Tufts, ambos presos pela Immigration and Customs Enforcement (ICE).
Autoridades também investigaram estudantes envolvidos em atividades relacionadas ao movimento pro-Palestina, especialmente após ordens executivas do governo norte-americano relacionadas à antisemitismo, como destacou uma fonte da ICE. Outros estudantes permanecem sob investigação, enquanto o governo intensifica sua repressão às manifestações e atividades acadêmicas consideradas contrárias às políticas federais.
Atuação contra universidades e estudantes estrangeiros
Além disso, o governo tem se voltado contra instituições de ensino como Harvard University, que resistem às exigências da administração de alterar suas políticas de diversidade, equidade e inclusão. Como parte dessa pressão, a administração busca revogar a capacidade da universidade de admitir estudantes internacionais, interromper fundos e financiamentos federais, além de outras ações coercitivas. Relatórios indicam negociações em andamento entre a universidade e o governo.
Reversão de ações e novas medidas
Em abril, milhares de registros de imigração de estudantes internacionais foram apagados por causa de infrações legais menores ou arquivadas, deixando temporariamente esses estudantes sem status legal. A ação foi revertida após forte pressão pública e judicial. Semanas depois, em junho, o Departamento de Estado anunciou que solicitantes de vistos de estudante deveriam tornar públicos seus perfis de redes sociais para avaliação de atitudes potencialmente hostis contra os valores norte-americanos.
Segundo a declaração oficial, “um visto nos EUA é um privilégio, não um direito”, reforçando que cada decisão de concessão de visto é uma questão de segurança nacional. “Devemos estar vigilantes na concessão de vistos para garantir que quem entra no país não tem intenção de prejudicar os Estados Unidos”, afirmou o órgão.
Perspectivas futuras e impactos
Especialistas avaliam que as ações representam uma mudança significativa na política de imigração, com maior rigor na fiscalização de estudantes internacionais. Govêrno e universidades se preparam para possíveis novos embates e ajustes nas regras de entrada e permanência nos EUA, com foco na segurança e no controle ideológico do fluxo migratório.